domingo, 10 de agosto de 2014

Apoderamento e rompimento

Através das redes sociais, hoje tanto em voga (até o Presidente da República quando quer comunicar com o país as utiliza) os aficionados ficaram a saber do rompimento de apoderamento entre João Maria Branco e Rui Bento Vasques.
Até aqui tudo normal, porque a vida é assim mesmo. Pese que nos comunicados ou nas redes sociais, terminam apoderado e toureiro sempre por afirmarem que se acabou a relação profissional mas fica a amizade… que nem sempre corresponde à verdade. Ficam sempre as dúvidas de quem não deu o que tinha para dar: toureiro ou apoderado.
Desde sempre que escutei de aficionados e profissionais que o toureiro faz o apoderado, justificando na praça cada uma das oportunidade.
Tenho uma certa simpatia por João Maria Branco por ser um toureiro da minha terra natal, o que não impede como noutros casos, de analisar o artista e nunca por amizades ou simpatias.
João Maria Branco teve ao seu lado Rui Bento Vasques - e alguém mais da empresa do Campo Pequeno - dando-lhe uma mão no início desta sua “aventura” taurina como profissional.
No Campo Pequeno uma alternativa de luxo. Toureou em praças importantes e, das vezes que o vi tourear, quer em directo como pela televisão, senti que estava como dizem os taurinos espanhóis: entre Pinto y Valedemoro, ou seja sem uma definição. Ainda não tinha encontrado a sua própria tauromaquia. Andava entre as batidas e os galopes a duas pistas, ou como diria o Eng.º Fernando Sommer, os galopes ao revés. Reconheço que nunca lhe vi falta de entrega nas suas actuações, por vezes jogando mesmo a sua integridade física.
Ao que parece o jovem cavaleiro tem como motivo para a decisão de suspender a temporada e romper (unilateralmente) o apoderamento, que depois do “triunfo” na Figueira da Foz, merecia estar colocado em outros cartéis. O ex-apoderado diz aceitar mas não compreender, que "Roma e Pavia" como diz o ditado, "não se fizeram num dia…"
O que posso deduzir enquanto aficionado, já com muitos anos a observar este espectáculo e tendo atravessado mais do que uma geração, é que para fazer exigências é necessário ter força - leia-se na bilheteira - ou seja, levar o público à praça para ver algo diferente daquilo que lhes é oferecido repetidamente nas nossas praças: sota, cavalo e rei…
Desde o fenómeno Moura nos anos setenta, que arrastou aficionados e não aficionados, apenas recordo um toureiro que deu esse “cheirinho” a algo diferente quando começou e logo como cavaleiro praticante, de seu nome Rui Fernandes. Todos os outros que foram aparecendo são toureiros de dinastia, que têm sempre sobre os ombros o espectro do nome de familiares ou progenitores. Alguns desses progenitores com mais de 30 anos de alternativa são ainda hoje a base de muitos cartéis, porque falta essa novidade capaz de levar mais gente às praças.
Julgo que foi uma atitude sensata aquela que João Maria tomou e deixou nas redes sociais: Parar e repensar a sua carreira. Até porque o futuro de um Homem não começa nem acaba no mundo do touro. Há mais Mundo pela frente…

Fernando Marques|foto-D.R.

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