quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Parar um tempo...para reflectir.

Os golpes neste último ano com os falecimentos quase em catadupa de Amigos muito chegados; o estado actual da Festa que não me consegue mobilizar, nem para assistir a espectáculos nem para escrever, levam-me a que pare por um tempo os post neste blogue que criei com uma filosofia própria.
Essa filosofia pela qual sempre me guiei dentro e fora da Festa, não me motiva hoje. Pelo respeito que tenho pelos aficionados e, em especial, pelos Amigos que fazem o favor de me ler, não os posso trair.
Hoje por hoje, tem muito mais interesse as fotos, as digas e as tricas, do que falar da Festa, dos seus problemas, da sua história e ver com outros olhos para onde caminhamos.
Por agora, uma pausa para reflectir sobre tudo isto e tirar conclusões se vale a pena, ou não, prosseguir com o "Planeta dos Touros". Este em que aqui escrevemos e, o real com que nos confrontamos. Continuaremos sempre que haja motivo para isso, a manter no nosso jornal (Notícias de Arronches), um espaço para a tauromaquia.
A todos que nos seguem, até um dia destes...

domingo, 13 de janeiro de 2019

Partiu o Emílio de Jesus, um dos últimos verdadeiros fotógrafos taurinos

A vida é tramada, como é bonita de viver, mas é mais fácil passar pelos bons momentos do que ultrapassar os maus.

Foi hoje a sepultar o meu ‘Milocas’ como sempre o tratei. Encontrámo-nos éramos ambos jovens e com a cabeça cheia de sonhos quanto a este mundo taurino onde vivemos tantos e tantos momentos.
O Emílio pertencia àquela geração de fotógrafos taurinos que vieram a seguir ao Figueiredo (pai e filho), ao Brito, entre outros do tempo do preto e branco. Do tempo em que o fotógrafo era fotógrafo, desde o disparo do obturador, passando pela revelação, lavagem, fixação e depois a amplificação para o papel. Fez este percurso mas, já entrando na cor, como o fez o Luís Azevedo, o João Trigueiros, estes últimos de Vila Franca de Xira, ou o Chaparreiro.
Ali em Alverca onde era professor e tinha o seu estúdio, era admirado e reconhecido o seu trabalho em especial nos casamentos e baptizados. Um dia passou a frequentar as trincheiras das praça de touros com a sua máquina em punho, a captar momentos que muitas vezes escapavam aos outros. A sua simpatia e porque não dizê-lo irreverência, foram-lhe abrindo portas e fazendo Amigos por todo o lado. 
A nossa amizade que veio desde a revista Burladero, do João Queirós, onde fizemos trabalhos juntos, foi-se perpetuando no tempo e manteve-se com momentos inesquecíveis nas trincheiras das praças onde nos encontrávamos como veteranos destas andanças.
A vida é tramada e, em pouco menos de um ano, levou-me quatro grandes Amigos: o meu compadre António José Martins, Nené, o Joaquim Manuel ‘Bastinhas’ e agora o meu ‘Milocas’ que foi um lutador contra esta cornada que a vida lhe pregou mas com a qual lidou com grande coragem e dignidade.
O seu falecimento foi-me transmitido pelo João Queirós, que me assegurou que falou com ele no dia anterior e que morreu em Paz. Mesmo assim, não deixo com a sua perca de citar o poeta que diz? Quando um Amigo se vai, algo se nos perde na alma’. Até um dia ‘Milocas’ que nos encontremos para dizermos um ao outro mais umas baboseiras.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Missa do 7º Dia por Joaquim Bastinhas

Depois da consternação, emoção e muita mágoa que gerou o funeral daquele que ficará para sempre como uma das referências do toureio a cavalo em Portugal, terá lugar no dia 6 de Janeiro às 12h15m, na Igreja de S. Domingos em Elvas, a Missa do 7º dia, pela alma do Maestro Joaquim Bastinhas.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Perdi um Amigo: Joaquim Manuel Tenório “Bastinhas”

Já era como para mim, estivesse anunciada a sua perca. Já tinha passado pelo menos duas semanas, quando alguém que passou muito da sua vida perto de Joaquim Manel me disse: “Fernando não me deixaram vê-lo. Só me disseram, reza e acende uma vela”. Como se fosse o não se apagar a chama daquilo que seria um milagre, salvando-se desta grande cornada. 

Joaquim Bastinhas partiu no último dia de 2018. Quero guardar dele recordações do Amigo, do Homem que sempre teve para comigo um comportamento exemplar. Compreendia perfeitamente quando eu dizia que não ia às suas festas depois de uma corrida, porque custava-me sentar à mesa com gente deste mundillo que o rodeava, não pela pessoa mas do que podiam conseguir em seu proveito. Sabia que tinha em mim um Amigo com quem se podia abrir, ele e a Lena. Como naquele almoço em sua casa, só nós, em que queriam ouvir a minha opinião sobre determinado assunto da comemoração da sua alternativa. Sabia que podia contar comigo, quando do terrível acidente que sofreu e do qual conseguiu recuperar, em que mesmo ao entrar na ambulância, pediu a um seu funcionário para me telefonar para acompanhar o seu filho, pois queria que ele honrasse a palavra e a sua profissão, e tourear nesse mesmo dia em Mérida.
A nossa passagem pela vida traz-nos destas coisas. Eu que nunca fui de grandes intimidades com toureiros, tive dois Amigos que me marcaram: José Mestre Batista e Joaquim Bastinhas. Padrinho e afilhado que romperam com o status estabelecido vindo de famílias humildes e atingiram o estatuto de figuras pelo seu toureio e pela sua irreverência.
Não me vou despedir dele da forma vulgar de uma presença pessoal. Não quero! Prefiro guardar a imagem daquele abraço que trocámos quando, depois do acidente, reapareceu no Museu do Café e me puxou num abraço. Sussurrando-me ao ouvido: Fernando já aqui estou de novo. Até um dia destes Amigo.