Amadores de Arronches comemoraram o 15º Aniversário |
Se alguma coisa nos apraz registar nesta tourada
comemorativa do 15º Aniversário dos Amadores de Arronches, que teve lugar na
noite de 30 de Agosto, foi a volta à arena do ganadeiro Paulo Caetano. Quando
isso acontece (nem sempre) é porque houve o bom comportamento do touro quando à
bravura e isso enriquece a Festa. Nem sempre concordamos com as voltas antecipadas
dos ganadeiros, pois julgamos ser mais coerente serem dadas no final, atendendo
ao comportamento global dos seus touros. Sendo assim, os dois novilhos/touros
de Paulo Caetano, segundo e quarto, galoparam com tranco, tiveram sobretudo nobreza
e permitiram aos aficionados desfrutar da essência do que deve ser o touro de
lide... e a volta para o ganadeiro.
No conjunto dos exemplares lidados, os de São Martinho, foi
mansote o primeiro a doer-se e procurar os terrenos de dentro, deixou-se lidar
o segundo e menos voluntarioso o lidado em terceiro lugar. Quando aos de Paulo
Caetano, apenas o último, com mais trapio, foi mais reservado e não teve a nobreza
dos seus irmãos de camada.
O cartel misturava alguma veterania de Tito Semedo, que
esteve irregular na lide do primeiro, pelas características do de São Martinho
(muito bem ao recusar a volta à arena, mostrando e bem, ser o primeiro crítico
da sua prestação), para no segundo (Paulo Caetano) aproveitar de alguma forma
esse tranco no galope que lhe permitiu subir o nível da sua prestação.
Entendeu e bem João Moura Caetano o primeiro do seu lote,
com o ferro da casa. Nos compridos como é habitual nas suas actuações deu
vantagem ao hastado, deixando-o vir de largo para lhe colocar três compridos,
dois a favor da querença.
Com os curtos recreou-se sobretudo nos galopes a duas pistas
que invertia num palmo de terreno arrancando os aplausos do público - que
preenchia meia casa forte da praça de Arronches - para depois ir de frente e deixar a ferragem com uma pequena batida.
O segundo do seu lote (São Martinho) prestou-se menos ao luzimento
do toureiro de Monforte, por ser mais reservado mas, João Moura Caetano, sacou
dos seus recursos e das suas montadas para manter um nível exibicional a que
vem habituando os aficionados.
Fechava o trio de cavaleiros Tiago Carreiras que pese dispor
de um conjunto de montadas que lhe podem permitir a evolução no sentido
positivo, esteve irregular na cravagem com o primeiro de São Martinho e, no
segundo (Paulo Caetano), com mais presença e algo reservado nas investidas,
houve muita entrega mas faltou soluções, ou discernimento, para conseguir uma
actuação que esteve ao seu alcance e deixou escapar.
Para os grupos de forcados – que brindaram pegas ao grupo
aniversariante – a noite foi de tranquilidade. Pelos da Azambuja pegaram Valter
Soares à primeira e Tiago Barreto à segunda tentativa. O cabo dos Amadores de
Arronches, Ricardo Nunes, deu o exemplo ao pegar o primeiro do seu grupo nesta
data de aniversário e fê-lo à primeira, exactamente como Manuel Cardoso que
também se fechou bem ao primeiro intento de pega.
João Bandeiras à primeira e Tiago Fernandes à segunda, foram
os “solistas” pelos Académicos de Elvas. Público e o director (Rogério Jóia)
foram generosos, como quase sempre, na concessão de voltas à arena. Exuberante
o cornetim num espectáculo onde deve ser discreto e não protagonista em busca
de aplausos. Aqui os protagonistas têm que ser o touro e os toureiros.
Como nota final apenas deixar o registo de três aficionados franceses
que acompanhámos. Um deles a prepara um livro de fotos sobre as várias tauromaquias
no Mundo (François Bruschet) e que estiveram desde o fardar do grupo de
Arronches até ao final da tourada, a registar em fotos e vídeo esta forma
singular da nossa tauromaquia. Também um casal polaco (amigo destes franceses)
assistiu pela primeira vez a uma tourada e saíram maravilhados com o movimento,
cor e coragem dos rapazes das jaquetas das ramagens.
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