domingo, 30 de agosto de 2015

Emoção na despedida do cabo Ricardo Nunes na tourada de Arronches

Foi uma noite de emoções fortes. O público respondeu à chamada para a despedida de Ricardo Porto Nunes, como Cabo dos Amadores de Arronches. Noite em que passou o testemunho a Manuel Cardoso que, já há muito tempo, era consensual esta passagem de chefia no grupo alentejano.
Muitos amigos, familiares, actuais e antigos elementos do grupo juntaram-se nesta noite de um grande calor humano e atmosférico, que ainda ameaçou chuva.
Ao longo da nossa já dilatada vida de aficionado, já vimos muitas alternativas, cortes de colecta e despedidas de cabos de grupos de forcados mas, temos de confessar, que com esta “mise en scène”, quase como que um “reality show”, ainda não tínhamos presenciado.
No momento da despedida apagaram-se as luzes da iluminação da praça para se acenderem luzes multicor a iluminar o centro da arena, onde houve entrega da jaqueta, bem como entrega de muitas lembranças, quer de particulares como da Câmara Municipal de Arronches e Junta de Freguesia de Assunção. Lá encima na parte mais alta da bancada, um forcado cantou um fado, em cujos versos havia toda uma história de um condutor de Homens (Ricardo Nunes), do Amigo e confidente. Aquele que fez com que se fardassem e fossem pegar os touros como se não houvesse um amanhã, dizia o poema.

Ricardo Porto Nunes levou ao longo dos anos a que o grupo dos Amadores de Arronches, começasse a ser tido em conta. Pegou por muitas praças do nosso país, fez uma longa carreira em praças de Espanha, algumas delas de importância; pegou nos Açores na Ilha Terceira, só lhe faltou colocar o seu grupo a pegar no Campo Pequeno. Essa é a sua grande mágoa, aquilo que lhe fica a faltar no seu currículo como cabo deste grupo a que dedicou muitos anos da sua vida.
Esta foi a parte bonita, aquela que nos diferencia na nossa forma peculiar e particular de entender a nossa tauromaquia. Depois há que analisar a tourada propriamente dita.
Lidou-se um curro da ganadaria de Paulo Caetano, irregular de apresentação e comportamento. Quanto à apresentação, os de menos presença tapavam-se por terem mais cara, mais abertos de pitóns, os de melhor presença pecavam por serem corneapertados, terem menos cara. Deixaram-se lidar com destaque por mais bravote o segundo de Tito Semedo (que o director de corrida Marco Gomes, concedeu volta ao ganadeiro) e mais mansote, com as embolas a tapar-lhe a visão, o que encerrou o espectáculo, lidado em último lugar por Rui Salvador, já que quando saiu na ordem se desembolou e correu turno, ou seja, seguiu a ordem de lide.
Quanto às actuações dos cavaleiros de uma forma geral estiveram por cima dos hastados.
Rui Salvador com a solvência e entrega que todos lhe conhecemos, teve bons momentos de toureio no seu primeiro e resolveu com conhecimento da lide, que era necessário pisar os terrenos ao seu segundo que quase só investia à voz.
Tito Semedo esteve com a entrega habitual. Com aquela facilidade de chegar ao público com um toureio onde impera a ligação, não há tempos mortos e variedade na lide. Andou ajustado nas sortes, teve um terceiro ferro curto muito bom no segundo touro e com os remates em sorte de violino, levou o público a aplaudir forte.
João Moura Caetano dá todas as vantagens aos touros na ferragem comprida. Cita de praça à praça, deixa chegar o touro quase à jurisdição, para com uma batida deixar os compridos. Isso foi notório uma vez mais nesta noite nas lides de ambos os touros. Estiveram presentes os galopes a duas pistas, o sacar o touro com a garupa das montadas para os terrenos de fora, para depois citar de frente e ajustar-se nas sortes, onde houve um ou outro ferro menos conseguido no que à colocação diz respeito. É incontestável que o cavaleiro das “Esquilas” tem o seu público que o acompanha e estimula, em especial nas praças desta região.
Isso foi um facto nesta noite em que não defraudou mas, faltou a emoção por essa falta de “chispa” que os touros não tiveram.
Já o dissemos e voltamos a afirmar: A noite foi dos Amadores de Arronches por tudo o que esta tourada encerrava. Não sendo um curro duro, houve exemplares que empurraram forte. Pegaram nesta noite que fica como um marco na história do grupo, Filipe Redondo, João Rosa, Ricardo Nunes, Manuel Cardoso, Paulo Florentino e de cernelha Fábio Mileu e Diogo Serpa. No final o grupo saiu da praça debaixo de forte ovação.
Para finalizar só um pequeno reparo. A tourada tem como cenário um circulo, por vezes essa meia-lua de sol e sombra. Por favor não se esqueçam no futuro, que os espectadores do sol, também pagam bilhete e são parte importante do espectáculo. Não custa nada voltarem-se também para estes sectores para mostrarem as lembranças recebidas... e para que também possam fotografar.
Click nas imagens





























































































































Sem comentários:

Enviar um comentário