sexta-feira, 17 de setembro de 2010

3ª Corrida da Feira da Moita - Juan José Padilla conquistou os aficionados

A Feira Taurina da Moita do Ribatejo é a única feira taurina neste país que oferece ao aficionado uma semana consecutiva de touros.
No burladero da trincheira desta mítica Praça Daniel do Nascimento (foi aqui que Mário Coelho e Pedrito estoquearam os touros), recordei com nostalgia a figura de José Lino, um empresário que foi acima de tudo um grande aficionado. Este homem, hoje esquecido por muitos, elevou esta e outras praças a um patamar pouco usual em Portugal. Como todos os seres humanos teve virtudes e defeitos mas, é inquestionável a sua grande afición, sobretudo ao toureio a pé.
É pois com grande satisfação que registo a continuidade deste registo por parte da actual empresa ao continuar essa tradição, e ter a coragem de continuar a montar uma corrida só com matadores.
Nas bancadas nesta noite estavam aqueles que na verdade nutrem algo de especial por esta modalidade do toureiro, o toureio a pé, o universal, o de sempre que se entende pela luta leal entre o homem e o touro em pé de igualdade - pese aqui faltar a estocada final.
Desiludiu o curro de touros de Falé Filipe (que tinham saído bem no Campo Pequeno), escassos de casta, investindo com a cara por cima, sonsos e desinteressados em capotes e muletas, alguns mesmo mansotes buscando as tábuas com prontitude.
Vitor Mendes, neste seu regresso às arenas lamentava-se-nos pela falta de classe da corrida, com cujo lote não se pôde luzir. Resolveu com decoro o tércio de bandarilhas (a pesar já os anos) e com pundonor sacou muletazos soltos, que só a experiência curtida em muitas tardes duras nos seus quase trinta anos de alternativa lhe conferem.
Sendo esta uma corrida de matadores bandarilheiros, os três alternaram nos tércios de bandarilhas e estiveram muito interventivos nos quites.
A entrega, ofício (lidando muitas corridas duras) e a rodagem de uma temporada com presença em quase todas as feiras de Espanha, deram a Juan José Padilla a possibilidade de tapar os seus dois touros. Variado no capote e poderoso com as bandarilhas logo conquistou o público. Com a muleta aplicou aquilo que é básico no toureio mas, que nem todos podem ou sabem colocar em prática: um trasteio por baixo alongando os muletazos para que os touros rompessem para a frente e depois a tourear. Primeiro com muletazos a meia altura, para aos poucos e baixando a mão meter os touros na muleta, sempre muito tapados e em linha recta.Vieram os aplausos, as palmas por “bulerias” e o inevitável charuto que um conhecido aficionado lhe ofereceu.
A Moita está conquistada e é toureiro para repetir em Portugal, sobretudo em Lisboa, alternando com outro matador/bandarilheiro…
Luís Vital “Procuna” a jogar em casa e ídolo da afición local, não teve sorte com o seu lote. Fez gala do seu poderio com as bandarilhas, andou solto com o capote e sacou muletazos em ambos os touros sem conseguir o brilhantismo que pretendia, porque nisto dos touros, o homem quer mas o touro dispõe, e o seu lote não quis em absoluto colaborar. Foram mansotes e procuraram rapidamente o refúgio das tábuas, onde o toureiro da Moita teve que pregar o “arrimón” com muita entrega e valor.

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