A empresa Toiro + que se estreava na Praça da Terrugem
apostou num cartel diferente composto por jovens emergentes no nosso toureio como Filipe Gonçalves, Brito Paes e Tiago
Carreiras, prescindindo de nomes da região mais sonantes bem como dos habituais
grupos de forcados do Norte Alentejano para anunciar no cartel os Grupos dos Amadores de
Lisboa e São Manços por motivos sentimentais ligados a esta praça. Mesmo em
tempo de crise os empresários Henrique e Lúcia podem dar-se por satisfeitos com
os 2/3 da praça preenchidos.
O curro de touros de António Charrua (aqui recordo com saudade
Mário Freire, que durante tantos anos pugnou por esta ganadaria), bem
apresentado para esta praça de 3ª, deixou-se lidar na generalidade, embora
sonsotes a faltar-lhe um pouco mais de raça para transmitir às bancadas,
excepção feita ao lidado em quarto lugar mais encastado e a derrotar mais forte
nos forcados.
Quanto às lides Filipe Gonçalves (que ganhou o prémio para a
melhor lide) impôs-se pelo toureiro mais populista, com algumas reuniões fora de cacho,
adornos, o cavalo a bater com as mãos uma na outra e galopes a duas pistas
pelas tábuas (difícil de compreender no meu conceito do toureio a cavalo, porque
os touros devem ser lidados nos médios e tércios. Terrenos de chiqueiros e
tábuas é onde se refugiam os mansos, e aí quando isso acontece, há que recorrer
às sortes sesgadas. Mas enfim, mudam-se os tempos mudam-se as vontades, como
diz o poema e o júri é soberano. Cada vez há menos aficionados exigentes (os
escribas a contribuírem para isso) nas praças e mais público que gosta de se
divertir.
António Maria Brito Paes que só teve oportunidade de lidar
um touro, porque o quinto e segundo do seu lote partiu um pitón e foi
recolhido. Logo como a praça é de 3ª categoria não obriga a sobrero. Esta
situação devia ter sido anunciada ao público, para sua informação e “educação”
taurina. Por outro lado, a exemplo do que acontece no país vizinho e Agostinho
Borges assim o tivesse entendido, o touro podia ter sido lidado e pegado de
cernelha, uma sorte que está a cair no esquecimento.
Voltando à lide de Brito Paes ela foi a mais ortodoxa da
noite, se bem que numa lide de menos a mais. Cites de largo, entradas de frente
e cravagem ajustada e ao estribo. Actuação menos populista e que é mais difícil
de apreciar, mas deve manter-se fiel ao seu conceito de toureio e não ser mais
uma “cópia” de Moura, Hermoso ou Ventura.
Quanto a Tiago Carreiras a lide ao seu primeiro foi em igual
linha, com mais uns adornos em que recorreu sucessivamente às piruetas. Esteve
muito bem o do Cano/ Sousel no primeiro e mais irregular frente ao segundo que
se parou a metade da lide.
A nobreza dos “Charruas” reflectiu-se nas cinco pegas à
primeira tentativa, pese a coesão dos grupos. Por Lisboa pegaram João Luz e
Manuel Guerreiro. Nuno Leão, João Fortunato (que venceu o prémio para a melhor
pega com toda a justiça) e Pedro Galhardo foram os solistas pelo grupo de São
Manços. De referir que na última pega o grupo foi constituído com elementos de
ambos os grupos e não contou para a disputa do prémio; o espectáculo foi complementado com a actuação do "Fado Marialava" e foi prestada homenagem póstuma ao popular mestre "Baguinho"
|
Homenagem póstuma ao popular "Baguinho" |
|
Filipe Gonçalves num ferro curto |
|
Filipe Gonçalves prémio para a melhor lide |
|
António Maria Brito Paes |
|
Tiago Carreiras num ferro curto |
|
João Fortunato na pega vencedora |
|
"O Fado Marialva" que complementou a tourada |
|
Pega de Manuel Guerreiro (Amadores de Lisboa) |
Sem comentários:
Enviar um comentário