domingo, 4 de agosto de 2013

O cavaleiro Filipe Gonçalves e o forcado de São Manços João Fortunato, vencem os prémios da tourada da Terrugem

A empresa Toiro + que se estreava na Praça da Terrugem apostou num cartel diferente composto por jovens emergentes no nosso toureio  como Filipe Gonçalves, Brito Paes e Tiago Carreiras, prescindindo de nomes da região mais sonantes bem como dos habituais grupos de forcados do Norte Alentejano para anunciar no cartel os Grupos dos Amadores de Lisboa e São Manços por motivos sentimentais ligados a esta praça. Mesmo em tempo de crise os empresários Henrique e Lúcia podem dar-se por satisfeitos com os 2/3 da praça preenchidos.
O curro de touros de António Charrua (aqui recordo com saudade Mário Freire, que durante tantos anos pugnou por esta ganadaria), bem apresentado para esta praça de 3ª, deixou-se lidar na generalidade, embora sonsotes a faltar-lhe um pouco mais de raça para transmitir às bancadas, excepção feita ao lidado em quarto lugar mais encastado e a derrotar mais forte nos forcados.
Quanto às lides Filipe Gonçalves (que ganhou o prémio para a melhor lide) impôs-se pelo toureiro mais populista, com algumas reuniões fora de cacho, adornos, o cavalo a bater com as mãos uma na outra e galopes a duas pistas pelas tábuas (difícil de compreender no meu conceito do toureio a cavalo, porque os touros devem ser lidados nos médios e tércios. Terrenos de chiqueiros e tábuas é onde se refugiam os mansos, e aí quando isso acontece, há que recorrer às sortes sesgadas. Mas enfim, mudam-se os tempos mudam-se as vontades, como diz o poema e o júri é soberano. Cada vez há menos aficionados exigentes (os escribas a contribuírem para isso) nas praças e mais público que gosta de se divertir.
António Maria Brito Paes que só teve oportunidade de lidar um touro, porque o quinto e segundo do seu lote partiu um pitón e foi recolhido. Logo como a praça é de 3ª categoria não obriga a sobrero. Esta situação devia ter sido anunciada ao público, para sua informação e “educação” taurina. Por outro lado, a exemplo do que acontece no país vizinho e Agostinho Borges assim o tivesse entendido, o touro podia ter sido lidado e pegado de cernelha, uma sorte que está a cair no esquecimento.
Voltando à lide de Brito Paes ela foi a mais ortodoxa da noite, se bem que numa lide de menos a mais. Cites de largo, entradas de frente e cravagem ajustada e ao estribo. Actuação menos populista e que é mais difícil de apreciar, mas deve manter-se fiel ao seu conceito de toureio e não ser mais uma “cópia” de Moura, Hermoso ou Ventura.
Quanto a Tiago Carreiras a lide ao seu primeiro foi em igual linha, com mais uns adornos em que recorreu sucessivamente às piruetas. Esteve muito bem o do Cano/ Sousel no primeiro e mais irregular frente ao segundo que se parou a metade da lide.
A nobreza dos “Charruas” reflectiu-se nas cinco pegas à primeira tentativa, pese a coesão dos grupos. Por Lisboa pegaram João Luz e Manuel Guerreiro. Nuno Leão, João Fortunato (que venceu o prémio para a melhor pega com toda a justiça) e Pedro Galhardo foram os solistas pelo grupo de São Manços. De referir que na última pega o grupo foi constituído com elementos de ambos os grupos e não contou para a disputa do prémio; o espectáculo foi complementado com a actuação do "Fado Marialava" e foi prestada homenagem póstuma ao popular mestre "Baguinho"
Homenagem póstuma ao popular "Baguinho"
Filipe Gonçalves num ferro curto
Filipe Gonçalves prémio para a melhor lide
António Maria Brito Paes
Tiago Carreiras num ferro curto
João Fortunato na pega vencedora
"O Fado Marialva" que complementou a tourada
Pega de Manuel Guerreiro (Amadores de Lisboa)








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