sábado, 17 de agosto de 2013

Entre o rejoneo e o toureio clássico

(Pablo Hermoso o "Pablo Picasso" original)
Como muitos portugueses aficionados, assisti hoje, através do Canal + /Toros, à primeira corrida da Feira de Bilbao. Um corrida das ditas de rejoneo, que num princípio foi o trazer das lides camperas para as praças o lidar com os touros.
Muita água correu por debaixo das pontes desde então. Essa ponte que num princípio podia ter sido a influência do toureio à portuguesa, com bases e regras definidas, em que Manuel Vidrié foi o que mais se aproximou, tem descambado para um espectáculo para mim deprimente.
Sei que isto é pregar no deserto. Como sei que a minha opinião é apenas isso e nada mais.
Assistimos hoje a um toureio no dito rejoneo, monocromático, de uma só cor, ou seja, as cópias do toureio de Hermoso e Ventura. Toureio em que o cavalo (muito do nosso lusitano nas suas quadras) é a base de um espectáculo de galopes a duas pistas – ou ao revés, como gostava de dizer o Eng.º Fernando Sommer d’Andrade -, piruetas, levadas, mordisco, eu sei lá que mais habilidades exigidas aos equídeos. Tudo menos esse toureio frontal, dando vantagem aos touros, entrar recto e reunir ao estribo para cravar de alto a baixo. Não! Nada disso se vê hoje nas praças do país vizinho. O que se vê é o encaste Murube de Bohórquez ou Capea, os rejones de castigo e, a touro quase parado, com um ou dois passos de investida… e está o espectáculo montado.
Mas o pior de tudo isto, é que eu também gostava de ter em casa um original de Picasso. Como não posso, ao colocar na parede uma fotocópia, será sempre uma triste e pobre fotocópia. É precisamente isto que está a acontecer ao toureio em Portugal. Falta originalidade, personalidade. Um estilo dentro dos parâmetros do nosso toureio mas com cunho próprio de cada um dos intérpretes. Todos, ou quase todos, querem praticar este triste espectáculo em que se tornou o já por si diferente rejoneo. Culpados? O público que é cada vez quem mais vai às praças e menos os verdadeiros aficionados. Não há exigência, logo o público que é quem paga a entrada, é soberano e temos o toureio a cavalo que merecemos.

Desculpem lá o desabafo. Se calhar isto é da idade…

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