Nesta corrida realizada na noite de 9 de Agosto, no Coliseu
do Redondo, sob um calor intenso e, sobretudo, de uma humidade dentro deste
espaço multiusos quase impossível de suportar, há dois aspectos a salientar. Em
primeiro lugar em tempo de crise o Coliseu do Redondo esgotou a sua lotação, o
que é muito sintomático dos aficionados desta região. Por outro lado, a
importância dos touros do Vale do Sorraia (David Ribeiro Telles) que
condicionaram em muito as actuações dos três cavaleiros.
Um curro diverso de pelagem, muito bem apresentado, rematado
de carnes mas de comportamento onde a casta não foi o elemento essencial mas,
pelo contrário, se impôs o génio. Primaram por pender para terrenos de dentro
e, em alguns casos, procurando mesmo a crença natural dos curros. Alguns
exemplares tiveram um andamento incómodo para os toureiros por serem “andaríns
ou a chouto”, sem se empregarem. Por vezes desligavam-se dos cites, ou adiantavam-se
nas reuniões, ou então faltava-lhes a mangada final.
Tudo isto como dissemos condicionou as lides e colocou com a
sua dureza à prova os forcados de Évora e do Redondo.
De uma forma sucinta, sem entrar numa análise mais profunda,
podemos dizer que a veterania e experiência de Joaquim Bastinhas se impôs aos
“Sorraia”, acabando mesmo por vencer o prémio “Simão da Veiga Jr. para a Melhor
Lide”. Ao primeiro, um cardeno
precioso mas complicado, o cavaleiro de Elvas sacou dos seus recursos e tapou
defeitos ao touro e teve uma actuação decorosa e profissional. Perante o
segundo, manso a procurar as tábuas e quando saía voltava a refugiar-se nos
terrenos dos curros, deu-lhe a volta. Depois de se aperceber que para sacar o
touro para fora, era necessário entrar-lhe pelo pitón direito para que não saísse
para a crença natural.
A Marcos Bastinhas ninguém pode acusar de falta de entrega.
Uma entrega absoluta não abdicando do seu conceito de toureio que nem sempre
conseguiu colocar em prática. Saliente-se a sua autocrítica ao recusar dar a
volta no seu primeiro. Sinal da exigência que impõe a si próprio, mas que o
público não compreendeu e obrigou-o a dar a volta. No segundo teve uma actuação
de menos a mais, tendo em conta alguma intermitência na lide mas, a deixar dois
bons pares de bandarilhas em terrenos de compromisso.
João Maria Branco teve uma presença para o fazer pensar. Ver
as imagens porque não se conseguiu de todo acoplar ao seu lote. Deixou um ou
outro ferro sem conseguir uniformidade nas lides e desajustado nas sortes.
A dureza dos “Sorraias” colocou à prova os grupos de
forcados. Os Amadores de Évora com muita juventude, foram solitas, Ricardo
Casasnovas à 4ª tentativa; Dinis Caeiro saiu lesionado e foi dobrado acabando
pela pega se consumar à 4ª e João Madeira à primeira tentativa venceu o
prémio em disputa que levava o nome de Miguel Alves. Pelos Amadores do Redondo pegaram Rui Grilo em rija pega à
primeira; João Luís Rebocho à 2ª (que se despediu) e Fábio Caeiro também à
primeira tentativa.
De referir que durante o intervalo foi prestada uma
homenagem por parte da organização da corrida aos 30 anos de alternativa de
Joaquim Bastinhas.
Contamos logo que possível, apresentar no Planeta dos
Touros, um vídeo com o resumo desta corrida
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