terça-feira, 9 de junho de 2015

Entre Rafael Trancas e Rafaelillo, a “raiva e o desespero”

Há alturas na vida de um aficionado que os seus sentimentos estão em verdadeira catadupa, pela forma como surgem as notícias e a sua abrangência, quer a nível pessoal como de simples aficionado.
Nada há aparentemente, que estabeleça alguma ligação entre o desaparecimento terreno de Rafael Trancas e o matador de touros Rafaelillo. No entanto para mim, são dois acontecimentos recentes que me causam uma “raiva” interna. Como que uma revolta da forma - que nos parece até injusta - como as coisas acontecem.
O Rafael Trancas era um bom Amigo. Conhecemo-nos quando pegava no grupo de Vila Franca de Xira, creio que no tempo de outro Amigo como o José Carlos de Matos. Ao longo dos tempos acompanhei a sua carreira como forcado. Posteriormente a sua actividade como picador profissional que a muitos surpreendeu (só aos que não conheciam a sua afición). Foi Rafael Trancas e Dionísio Grilo (outro Amigo), os primeiros portugueses a darem esse passo profissionalmente. Rafael com vários matadores como é do conhecimento geral (Mendes, Encabo e uns quantos mais que o incorporaram na sua quadrilha) e Dionísio Grilo, desde sempre na quadrilha de António Ferrera, até pela ligação do pai de António à casa Simão Malta, onde Dionísio era o maioral.
Guardo como recordação do Rafael, uma etapa nas Sanjoaninas na Ilha terceira, numa corrida picada em que actuou. Entre corrida e corrida, dávamos os nossos passeios e trocávamos pontos de vista sobre o então estado da Festa em termos globais e a forma como se defendia o espectáculo nesta Ilha no meio do Atlântico. È essa imagem que fica do Amigo que partiu.
Sensação de raiva foi o que senti depois da faena de Rafaelillo ao touro de Miura na recentemente terminada Feira de Madrid. De jovem, muito jovem, Rafaelillo era tido como um niño prodígio, desses miúdos que nascem para serem toureiros. Recordo que toureava com gosto de novilheiro, com formas de toureiro caro. Depois da alternativa e passados todos estes anos, Rafaelillo vê-se acartelado nas corridas duras, mas, como diz, é preferível a estar sem tourear. Mas senhores aqueles naturais templados de mão baixa, gostando-se em cada momento, mereciam melhor sorte. Rafelillo tinha a Porta Grande aberta e pinchou o único touro que não podia pinchar na sua carreira. Sabemos que é uma profissão dura; que são necessários vários factores para que o triunfo aconteça mas, Rafaelillo não vai ter muitas oportunidades de “tropeçar” com um Miura com aquela qualidade nas investidas. Apetece-me gritar de “raiva”: Injustiçççççaaaaa!!! 
(fotos-Ricardo Relvas e Prensa Taurina)

Sem comentários:

Enviar um comentário