quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Redondo 5 de Outubro – Cavaleiros por cima das condições dos touros de Herdºs. de Varela Crujo e emoção nas pegas dos grupos de forcados.

Desde 1986, quando Varela Crujo adquiriu as vacas e um semental de Laurentino Carrascosa, que os touros da ganadaria alentejana, tinha condições especiais para a lide a pé. Hoje com a predominância Domecq na ganadaria de Beja, ainda é notória essa característica. Isso mesmo notou-se em alguns dos exemplares lidados nesta tourada no Redondo, ao colocarem muito a cara em baixo (humilhando), por vezes faltava touro no momento da cravagem dos ferros, conforme presenciámos e nos confidenciava António Telles no final da tourada.
Foi um curro bem apresentado, quatrenho, com um ou outro exemplar mais atacado de carnes. No geral foi nobre mas faltou-lhes transmissão, a qual foi colocada pelos cavaleiros em praça e a imporem dificuldades aos forcados.
António Telles esteve em maestro na lide do primeiro a eleger muito bem os terrenos. O touro foi nobre, cresceu ao castigo mas tinha esse senão de colocar a cara muito por baixo. Sublime a lide, com esse saber vindo da Torrinha. Com pausas, deixando o touro colocado nos terrenos correctos. O seu segundo que foi mansote, atacado de carnes e de mãos curtas, António esteve por cima do touro em actuação muito esforçada, para tirar “água de um poço seco”. O público rendeu-se à classe do Maestro da Torrinha, que continua ao longo destes anos a “espalhar” o seu toureio assente nas bases da ortodoxia do toureio da escola portuguesa.
Não foi o lote que João Moura Caetano necessitava para colocar em prática o seu toureio, em que cita de largo e dá vantagem aos touros, para depois encurtar terrenos e deixar os ferros com uma leve batida ao piton de fora. No primeiro, João Moura Caetano, esteve por cima do touro que saiu com muita pata. Logo se parou, colocou-se ao lado dos cavalos e por vezes colocava, ao contrário de outros exemplares, a cara por cima no momento da reunião. Com o segundo que saiu parado e distraído, João encheu-lhe a cara de cavalo e obrigou-o a investir, deixando três ferros curtos com a sua marca que arrancaram os aplausos do público.
Duarte Pinto está na linha do toureio mais ortodoxo e debelou com grande mérito o seu lote. O primeiro que se parou, sem se fixar e por vezes a defender-se no momento das reuniões, Duarte pisou-lhe os terrenos, consentindo o touro debaixo do braço, deixou ferros de bom nível. 
Desencastado o segundo a receita foi a mesma, saindo da praça do Redondo com o sentimento do dever cumprido e o agrado do público.
Merece uma nota esse público que encheu quase por completo a bonita praça do Redondo, onde não é fácil estar nas bancadas em dia de calor. A Associação Redondense montou este cartel com muito acerto, o que despertou o interesse dos aficionados que deram esta agradável resposta.
Terminamos a falar dos forcados. Ribatejo e Alentejo deram corpo a esta tradição tão portuguesa. Se fosse destacar as actuações por pontuação, o Grupo de Forcados Amadores de Arronches seria indubitavelmente o triunfador, porque pegou os dois touros à primeira, através de João Rosa e Fábio Mileu. Mais dificuldades para o Grupo do Ribatejo, com uma pega em dobra por João Oliveira à quarta tentativa e Pedro Espinheira à segunda. 
Temos que reconhecer que a pega da tarde/noite, pertenceu a Hugo Figueira à primeira, do Grupo do Redondo, sendo que Luís Moura só conseguiu consumar à segunda tentativa.
O espectáculo durou três horas, com a recolha dos touros feita a cavalo pelos campinos - o que já é pouco visto. O espectáculo foi dirigido por Agostinho Borges, sem grandes incidências na sua condução.


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