domingo, 9 de outubro de 2016

O crítico... e o cronista

Defendo desde há muito que em Portugal, no espectáculo dos touros, não há críticos taurinos. Há sim, com maior ou menor conhecimento, cronistas taurinos. Isto porque não conheço nenhum "profissional" da escrita taurina, com o conhecimento profundo desta profissão que nas suas múltiplas facetas, implica colocar-se frente a um touro, jogando a vida, a exercer essa função.
Exercer a crítica é uma actividade sublime. Em primeiro lugar, porque deve imperar sempre a crítica construtiva, aquela que vai no sentido de criticar o que está mal mas, apontar o caminho de como fazer para conseguir melhorar. Nunca a destrutiva, a do “bota a baixo”, porque essa é tão medíocre nesse exercício sublime, que não merece o epíteto de crítica.
Cronistas, isso sim que há (houve) muitos a falarem e escrever de touros. Hoje (in)felizmente com as novas tecnologias, com as chamadas redes sociais, todos (incluindo o autor deste artigo de opinião) botamos cátedra.
Achei muito acertado e curioso, o que escreveu há dias Carlos Ruiz Villasuso na revista Aplausos sobre ser cronista. Assim mesmo em castelhano porque, os verdadeiros cronistas, o entendem muito bem.
Interroga-se Villasuso: “(...) Qué es una crónica? Un privilegio que consiste en el real artificio de ser traductor de obras de arte. Tengo el privilegio de haber traducido a mi lenguaje faenas o instantes excepcionales del toreo. En realidad la crónica es la oportunidad de reescribir las obras maestras y los instantes maestros, en mi propio idioma. Es una traducción vanidosa, egocéntrica. Lo es porque trata de ser creativa, casi literatura. Le quito el casi. Dos lances, un instante, un suceso, lo traduzco a mi idioma y lo cambio, lo muevo, lo moldeo, lo sensibilizo a mi aire. A mi arte, sí. Es escrupulosamente así: traducir a lenguaje propio o narrativo una obra, da como resultado una nueva obra. Quizá, también, de arte”.


Sem comentários:

Enviar um comentário