Se algo tem o espectáculo dos touros que é diferenciador de
todos os outros, seja no âmbito do desporto ou da arte, é a capacidade de sofrimento
e de superação dos toureiros.
Ao longo da história do toureio, há múltiplos exemplos que atestam esta
minha afirmação. Sem ir muito longe no tempo, o caso recente de Juan José
Padilla.
Ontem em Valencia, nas suas Fallas e na corrida estrela do
ciclo, tivemos esse exemplo de sofrimento e capacidade de superação de um
toureiro que tantas vezes tive a oportunidade de ver tourear como Vicente Ruiz “El
Soro”, ou o “lechuga” como era conhecido pelos valencianos e taurinos.
Esplá, Soro e Vitor Mendes, constituíram nos anos oitenta/noventa
o fabuloso cartel dos Matadores/Bandarilheiros (se bem que Soro já vinha dos
tempos de Paquirri) que, com o bilhete “ chico e o touro grande”, sem poderem
escolher encastes, enchiam praças e muitas vezes eram a salvação das empresas,
mesmo das grandes feiras.
Passaram mais de vinte anos sobre a lesão que El Soro sofreu
em Montoro/Córdoba. Foram anos de
sofrimento e mais de trinta intervenções cirúrgicas. Ontem, depois de já o ter
reivindicado na passada temporada, voltou a pisar o ruedo da praça da Calle Játiva na sua Valencia, onde tantos triunfos conheceu desde os tempos de novilheiro.
Este ano, Simón Casas deu-lhe a oportunidade de regressar à
sua praça num cartel de luxo com Ponce e Manzanares. Limitado de faculdades mas
com a mesma garra desse sorismo feito de irreverência, os pares de molinillo e o
encimismo do seu toureio, que sempre o acompanhou, esteve digno, realizou o
sonho e teve o carinho dos seus conterrâneos. Que fique por aqui já é um grande
triunfo…
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