Ao ver o programa “68 Pasos” do Canal Plus Toros, com Marco Rocha e José Pedro Prados "El Fundi", onde
participou como convidado Vítor Mendes, abriu-se como que um livro na minha
frente que já não folheava há muito tempo.
Como todas as estórias também esta teve um princípio.
Conheci o Vítor Mendes ainda ele de amador numa garraiada em Vila Franca de
Xira. Estava na trincheira da Palha Blanco com o meu saudoso Amigo Manolo
Correa Flores, o espanhol como todos o conheciam e vimos aquele rapazola
desenvolto, até um pouco atrevido com os garraios, com capote e bandarilhas.
Recordo que lhe perguntámos como se chamava e se queria ser toureiro. Disse-nos
que o seu nome era Vítor Mendes e que queria ser bandarilheiro.
Depois deste dia tudo foi diferente. Estive sempre atento ao
seu percurso. Primeiro como bandarilheiro nas novilhadas de António de Portugal
e Parreirita Cigano. Veio o Bacatum e o Oliveira como representantes no início como novilheiro,
para depois seguir com Gonzalito. Acompanhei-o muitas tardes como novilheiro,
sobretudo na sua etapa em Espanha.
Recordo um dia em que toureou de novilheiro em Jerez de Los
Caballeros. Depois da novilhada em que triunfou, fomos dar uma volta pela feira
e comermos um gelado, quando fomos surpreendidos pelo Gonzalito com uma saca de
ração, onde levava uns jamóns (presuntos) que era uma das suas perdições e
comprava em tudo que era sítio. Muitas histórias tinha para contar pela amizade
que ao longo dos anos fomos cimentando. Um dia talvez…
Manolo Montoliu |
Agora o que me tocou nesta presença de Vítor Mendes no “68
Pasos” foi quando evocou a memória de Manolo Montoliu. Trouxe-me à memória uma
feira de Aranda de Duero que presenciei com a minha mulher durante umas férias
em Espanha. Íamos para assistir à Feira de Salamanca. O Bacatum quando soube
que eu ia de férias para Espanha para ver umas corridas, sugeriu ao Queirós que
eu podia ir a Salamanca e fazer a reportagem da feira para o Burladero. Ele
(Bacatum) pela proximidade com os Choperas tratava de tudo. A minha entrada e
autorização para o callejón. Quando lá cheguei nada estava tratado. Como não
havia nenhum português incluído nos cartéis, disse à minha mulher para ver na
revista Aplausos, onde é que havia uma feira com a participação de portugueses.
Afinal em Aranda de Duero, que até nem era muito longe, toureavam Vítor Mendes
como matador, Rui Bento Vasques como novilheiro e uma corrida de Cunhal Patrício. Mais
que perfeito, nem pensámos duas vezes e lá fomos para Aranda de Duero. O
empresário portou-se como um verdadeiro senhor e fez questão que eu estivesse
no callejón da empresa e ali assisti à feira. No dia em que toureou Vítor
Mendes, no pátio de quadrilhas, este fez questão em apresentar-me como amigo, à sua
quadrilha, que eram só (*) Manolo Montoliu e Martín Récio. Pouca coisa. Esta tinha sido
a quadrilha que acompanhara antes o Maestro António Chenel “Antoñete”. Quis o
destino que posteriormente assistisse em Sevilha à cornada mortal de Montoliu.
Foi bonito de ver e escutar as recordações de Mendes que continua a ser
admirado em Espanha por companheiros e profissionais da comunicação da
especialidade.
(*)El día 2 de marzo de 1986, primera corrida de la Feria de La Magdalena, vestido de gris plomo y oro toma la alternativa de manos de Julio Robles y en presencia de Juan A. Ruiz "ESPARTACO" al cederle el maestro ROBLES la muerte de "Correcostas", número 57, negro zaino y de 471 kl. de peso que lucia la divisa de Socorro González Sánchez-Dalp.
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