segunda-feira, 1 de maio de 2017

O TOURO - A culpa não pode morrer solteira. Levantam-se vozes a exigir outro tipo e encastes

Em Espanha estamos a assistir a um novo paradigma da Festa dos Touros. Primeiro foi o público a começar a exigir maior abertura nos cartéis para deixar de ser "sota, cavalo e rei". Com isso ganhou a Festa com a chegada de nomes como López Simón, Roca Rey, José Garrido, Álvaro Lourenzo ou Ginés Marín.



Neste momento e depois do fracasso dos touros de Garcigrande na Feira de Sevilha, em que uma vez mais Julian López "El Juli" com a sua técnica, profissionalismo e entrega, salvou a tarde e apaziguou os ânimos dos aficionados e da própria critica.
Começam a surgir por parte da comunicação social da especialidade e de alguns toureiros retirados, a reclamarem pelo touro de Sevilha. O touro harmonioso, com echuras, entre os 480 e 520 quilos, porque o trapio não são os seiscentos e muitos quilos que não lhe dão mobilidade.
Na verdade hoje toureia-se melhor do que nunca, mas o touro roça a mansedumbre, pára-se e permite aos que lhe colhem o sítio e têm valor para isso, praticar um toureio encimista, que Ojeda trouxe mas com um touro com menos peso e mais mobilidade, daí o seu rico palmarés.
Um sector mais radical da praça de Las Ventas, sempre puxou pelos toureiros modestos, mas nunca gostou dos que se tornaram ricos. Por este motivo começou a exigir o touro com muitos quilos e pitóns que não cabem nas muletas...e chegámos a este ponto.

Juan Pedro Domecq que procurava o touro artista, teve que seguir por outro caminho, tirando o encaste parladé do seu tipo. Os novos e alguns antigos ganaderos, enveredaram pelo monoencaste "Domecq", tantas vezes depois protestado em Madrid. Agora que as vozes se levantam a exigir uma abertura a outros encastes e touros com menos volume, vai levar anos para que isso possa acontecer.
Para rematar tudo isto, Diego Ventura, depois de uma grande tarde ontem em Sevilha disse aos microfones da TOROS que é necessário outro encaste que não só Bohórquez na Real Maestranza, porque o rejoneo que quer praticar não é este. Necessita diz o luso/espanhol o touro que transmita emoção às bancadas, que arreie atrás dos cavalos. Afirma que não é nada pessoal contra Fermín Bohórquez mas, se a empresa Pagés levar para o ano esta ganadaria para a corrida de rejoneo, ele Ventura, não estará presente.
Tudo isto é muito agradável de se escutar mas, uma questão se impõe: Então as figuras não foram no rejoneo os que exigiam o encaste Murube e os matadores os Domecqs de Juan Pedro, Vitoriano Del Rio, Nuñes Del Cuvillio e agora Garcigrande. Então do que se queixam. São eles que têm o poder como figuras, de mudarem o actual estado de coisas. A culpa não pode morrer solteira.

Sem comentários:

Enviar um comentário