domingo, 28 de maio de 2017

Moita – Voltou o brilho à Daniel do Nascimento com a luz de duas estrelas

Moita do Ribatejo, sim do Ribatejo, porque mesmo que a divisão administrativa te coloque na Estremadura, serás sempre do Ribatejo

Moita do Daniel do Nascimento, figura dos de prata que brilhou na quadrilha daquele que mandou na Festa no seu tempo. Praça cimeira do nosso pequeno mundo taurino que, na tua imensa bancada quando vazia, nela me sentava com José Lino em silêncios de esperança nos meninos da Escola da Moita que, um dia, chegariam a matadores de touros. Esse projecto lindo que a mesquinhez de alguns, retirou o sonho do “velho” Maestro Armando Soares.

Agora há um empresário que teima em trazer a tua praça para a ribalta do toureio. Sorte a nossa quando aparecem empresários/aficionados que, por vezes, alcançam a glória... ou a ruina financeira mas, engrandecem a Festa.
Diego Ventura, para mim sempre Diogo em homenagem ao seu tio-avô, o meu estimado amigo dos anos setenta Diogo (Pagá) com matadouro de porcos no Porto Alto. Dizem-te de Puebla del Rio mas,tal como a Moita, também tu serás sempre de Portugal, nascido em Lisboa.
Andrés Roca Rey que em Gerena te “afincaran”, que tens ares sevilhanos, modos de figura do toureio, que enches o ruedo com parcimónia, serás sempre da tua linda Lima, do teu massacrado Perú.
Com todas estas contradições de origens Dio(e)go e Roca Rey, voltaram a iluminar a noite moitense, como num passado que nos parece já longinquo o fizeram Manzanares, Capea, Espartaco, Jesulín ou outros pela mão de José Lino.
Fizes-te-nos esperar meia hora Roca Rey, aliás como sempre esperámos pelos desejados.Bendita espera, para vermos os teus pés atornillados ao ruedo moitense e de mão baixa, sacares faenas num metro quadrado. Perdoamos-te a cara lavada dos novilhos de Juan Pedro Domecq, que tal como o ganadero/poeta Vilallón, queria criar os touros de olhos azuis, ele procurou criar o touro artista, hoje tido como monoencaste e preferido pelas figuras.
Dois novilhos e duas faenas de quietude, de mão baixa, com essa muleta de temple a varrer lentamente em pinturas a arena deste dia que fica para a memória colectiva. O público é por vezes generoso mas, outras cruel, não compreendeu que o teu último novilho desta noite da Moita do Ribatejo, não tinha classe.Ficava-se a meio das viagens e assumava por cima do palillo da muleta.Tiveste a humildade dos grandes no brinde ao Maestro Ventura e convidares para entrar em quites o nosso Cuqui.
Ventura… e bem-aventurados os que desfrutaram do domínio das tuas montadas, dos terrenos de peso e desse temple que te permitiram os murubes, no caso de Maria Guiomar.
Pasmámos com o poder da Nazari, fizeste-nos sonhar com esse outro “Sueño” e de todos os outros que repartem quadra em Puebla del Rio, para rematares em momentos de deleite, com o “Remate”.
As duas pistas, os galopes invertidos por dentro num palmo de terreno, colocaram alívio na tenção que se vivia nas bancadas, porque todos estavam de pé rendidos ao toureio feito espectáculo do secúlo XXI, de mais público e cada vez menos aficionados. Serás sempre discutido mas, como disse “El Gallo”, “ele hay gente p´ra tô”. E ainda o pormenor de convidares a jovem Mara Pimenta a deixar um ferro com a marca do seu mestre.
Também um dia sonhou José Manuel Pires da Costa, lá pelos anos setenta, fundar o Aposento da Moita que, nesta noite e frente aos "murubes de Monforte", deixaram uma vez mais escrito o que é envergar a jaqueta do Aposento da Moita: União, Galhardia, Valor e Camaradagem.
Duas enormes pegas à primeira pelo Cabo José Maria Betencourt e Nuno Inácio, para fechar à segunda Leonardo Matias. Tudo isto com praça quase cheia a provar que, quando há empresas que arriscam em cartéis com interesse, o público quase sempre responde.
























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