terça-feira, 2 de maio de 2017

Antoñito – “El Niño Torero” que chegou a Maestro António Ferrera

É para mim difícil escrever sobre este tema. Tenho receio de não conseguir ser imparcial por paradoxal que pareça. De António pai fui Amigo toda a vida. O Antoñito conheci-o quando tina 8 ou 9 anos numa bezerrada em Estremoz.


Daí para cá acompanhei sempre a sua carreira, grande parte dela no início feita em Portugal como afirmava o seu pai sempre que era questionado sobre o filho. Já lá vão uns longos anos, quando o Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa no Montijo, me pediu para com um conjunto de Amigos montarmos um espectáculo a seu benefício. Não seria de esperar outra coisa de um aficionado ao toureio a pé como me confesso e assumo. Então montámos uma novilhada mista em que actuaram o António Ferrera e o Pedrito de Portugal. Dizia-me o seu pai (uns anos depois já matador) um dia que nos encontrámos em Badajoz “ mira Fernando, António en muchas ocasiones me enseña la foto de Montijo en la novillada com Pedrito. No se olvida de ti”.
Assim foi ao longo dos anos. Como novilheiro feito no “Vale do Terror”, com novilhos que mais pareciam touros, recebi muitas fotos do seu pai para inserir nas publicações em que colaborava ou, fazer referência às suas actuações nos meus programas na rádio.
Mais tarde, antes de tomar a alternativa, o João Queirós pediu-me para telefonar ao pai para lhe fazermos (Novo Burladero) uma entrevista. Assim aconteceu na ganadaria de Karrikiri de António Briones, onde se encerrou antes dessa data sonhada...
Tem sido um trajecto muito duro com o corpo cosido a cornadas mas, como disse um dia o saudoso Maestro Antoñete, “ Ferrera tiene mucho valor, pero sabe torear …y bien”.
Aquando da despedida de José Luís Gonçalves no Campo Pequeno, no recanto do pátio de quadrilhas, trocámos um abraço. Depois surpreendeu tudo e todos quando sacou a ombros o toureiro e Amigo que se despedia. Um gesto de um grande Homem e de um grande Toureiro.
Voltou a surpreender agora no seu regresso a Sevilha depois de uma dolorosa ausência. Aquela faena ao seu segundo Vitorino foi de entrega, valor e o conhecimento da sua tauromaquia. Sacou José Manuel Montoliú para bandarilhar com ele, um touro na praça onde seu pai morreu naquela fatídica tarde também de um Abril sevilhano, há 25 anos.
Antoñito “El Niño Toreo” é hoje respeitado por profissionais e pela imprensa como o Maestro António Ferrera.



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