segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Feira de São Mateus - Marcos Tenório profecta na sua terra


Diz o provérbio que “Santos de casa não fazem milagres”, mas não foi o caso. Marcos Tenório foi o triunfador da noite de 19 de Setembro no Coliseu Rondão Almeida em Elvas, se atentarmos ao conjunto das suas duas actuações.
Lidou-se um curro de Francisco Romão Tenório, bem apresentado, dentro do tipo desta ganadaria, com a configuração córnea dentro daquilo que é o cornegacho ou baixel, por vezes a provocar dificuldade na visão. Dois mais reservados 1º e 4º  (lote de João Moura) e os restantes a cumprirem muito bem, embora prejudicados pelo excesso de areia no piso da praça.
João Moura mostrou uma vez mais os seus conhecimentos da lide com a eleição dos terrenos, por vezes cambiados em exemplares que penderam para os terrenos de dentro. Sacar lide a este tipo de touros não está ao alcance de todos. Esse toureio templado em que tudo é feito com relativa ou aparente simplicidade, está hoje para o “Califa de Monforte” no desfrutar das suas actuações, sublimando o seu toureio que inovou desde os anos setenta. João Moura saiu apesar do lote mais complicado, com um sorriso no rosto de quem cumpriu e desfrutou.
Não nos pareceu que Sónia Matias estivesse nos seus melhores dias. Esteve nesta tourada mermada de faculdades físicas e isso teve reflexo nas suas duas actuações. Não esteve com mão muito certeira na cravagem, algumas dificuldades com as montadas mas, foi inegável a sua entrega. Com dois ferros curtos aceitáveis e tapou-se muito bem para chegar ao público com os ferros em sorte de violino.

Mesmo ausente fisicamente, Joaquim Bastinhas esteve presente nesta noite no Coliseu de Elvas. Não só pelos cartazes desejando-lhe um rápido restabelecimento, como na actuação de Marcos Tenório, em que era papável o querer honrar com o seu toureio, o nome que nesta noite por infortúnio não estava presente.
Esteve soberbo no primeiro em que deu sempre vantagens ao touro, não só dando-lhe essa primazia como nos cites de largo. Levou o touro a centímetros do estribo nos galopes a duas pistas, foi frontal nos curtos enquanto o touro durou. Daí que o nível da actuação que baixou, sofre-se dessa consequência.
A actuação mais redonda, mais conseguida, foi precisamente com o touro que encerrou esta tourada. Entrega, emoção, variedade nas sortes e uma visão de lide que lhe permitiu rematar a sua actuação deixando o touro colocado nos terrenos de dentro, perto do curros, para ali deixar o emotivo par de bandarilhas. Terminada a lide, desmontou ainda com o touro na praça e levantou os braços. Todos soubemos o que aquele gesto significava.
Actuação mais complicada para os Amadores de Évora, sobretudo com a pega do veterano Manuel Rovisco que só se fechou à 5ª tentativa na pega ao terceiro da noite. Francisco Oliveira e Martin Caeiro concluíram logo ao primeiro intento. Pelos Académicos de Elvas pegaram João Bandeiras e João Restolho à primeira e Luís Machado à segunda.
Noite agradável de temperatura com meia casa preenchida, em plenas Festas de São Mateus nesta cidade de Elvas Património da Humanidade.






























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