Diz o provérbio que “Santos de casa não fazem milagres”, mas não foi o caso. Marcos Tenório foi o triunfador da noite de 19 de Setembro no Coliseu Rondão Almeida em Elvas, se atentarmos ao conjunto das suas duas actuações.
Lidou-se um curro de Francisco Romão Tenório, bem apresentado, dentro do tipo desta ganadaria, com a configuração córnea dentro daquilo que é o cornegacho ou baixel, por vezes a provocar dificuldade na visão. Dois mais reservados 1º e 4º (lote de João Moura) e os restantes a cumprirem muito bem, embora prejudicados pelo excesso de areia no piso da praça.
João Moura mostrou uma vez mais os seus conhecimentos da lide com a eleição dos terrenos, por vezes cambiados em exemplares que penderam para os terrenos de dentro. Sacar lide a este tipo de touros não está ao alcance de todos. Esse toureio templado em que tudo é feito com relativa ou aparente simplicidade, está hoje para o “Califa de Monforte” no desfrutar das suas actuações, sublimando o seu toureio que inovou desde os anos setenta. João Moura saiu apesar do lote mais complicado, com um sorriso no rosto de quem cumpriu e desfrutou.
Não nos pareceu que Sónia Matias estivesse nos seus melhores dias. Esteve nesta tourada mermada de faculdades físicas e isso teve reflexo nas suas duas actuações. Não esteve com mão muito certeira na cravagem, algumas dificuldades com as montadas mas, foi inegável a sua entrega. Com dois ferros curtos aceitáveis e tapou-se muito bem para chegar ao público com os ferros em sorte de violino.
Esteve soberbo no primeiro em que deu sempre vantagens ao touro, não só dando-lhe essa primazia como nos cites de largo. Levou o touro a centímetros do estribo nos galopes a duas pistas, foi frontal nos curtos enquanto o touro durou. Daí que o nível da actuação que baixou, sofre-se dessa consequência.
A actuação mais redonda, mais conseguida, foi precisamente com o touro que encerrou esta tourada. Entrega, emoção, variedade nas sortes e uma visão de lide que lhe permitiu rematar a sua actuação deixando o touro colocado nos terrenos de dentro, perto do curros, para ali deixar o emotivo par de bandarilhas. Terminada a lide, desmontou ainda com o touro na praça e levantou os braços. Todos soubemos o que aquele gesto significava.
Actuação mais complicada para os Amadores de Évora, sobretudo com a pega do veterano Manuel Rovisco que só se fechou à 5ª tentativa na pega ao terceiro da noite. Francisco Oliveira e Martin Caeiro concluíram logo ao primeiro intento. Pelos Académicos de Elvas pegaram João Bandeiras e João Restolho à primeira e Luís Machado à segunda.
Noite agradável de temperatura com meia casa preenchida, em plenas Festas de São Mateus nesta cidade de Elvas Património da Humanidade.
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