sábado, 2 de julho de 2016

Rivalidade (salutar) de dinastias alentejanas na Praça de Monforte

Havia nas bancadas que tardaram em compor-se (jogo de futebol em que se apurava o adversário de Portugal para as meias-finais no Europeu), um certo sururu com os apoiantes dos três cavaleiros que compunham o rematado cartel desta tourada inserida na Feira MonfortexLibris, o que é bom para a Festa: a divisão de opiniões quanto às actuações, é melhor do que a indiferença.
A tourada era de Homenagem a António José Zuzarte, antiga glória da forcadagem e impulsionador do Grupo de Monforte, localidade onde tem residência.


O espectáculo dirigido por Agostinho Borges, assessorado pelo Dr. Guerra, começou com um minuto de silêncio pelo recente falecimento de Mestre David Ribeiro Telles e José Zuquete.
Depois teve lugar a cerimónia de homenagem com breves discursos e a entrega de lembranças quer a António José Zuzarte, como a João Moura Caetano pelos seus 10 anos de alternativa.
Os touros dos Irmãos Carreiras (Qtª Mata-o-Demo), o primeiro foi o mais terciado e os restantes bem apresentados. Já quanto a sua prestação ela foi diversa. Cumpriu o 1º (que colocava a cara no chão e escavava), o 2º e 3º reservados , 4º foi manso e parou-se, reservado o 5º e com mais génio que bravura, o que encerrou a tourada.
A João Moura Caetano tocou-lhe o pior lote. Teve momentos no primeiro em que deixou ver o seu toureio, dando vantagem ao touro nas investidas, para quebrar na cara, isto com os compridos. Com os curtos nem sempre logrou os melhores momentos com o touro a colocar a cara em baixo, escavando e nas reuniões com uma mangada forte. Quanto ao segundo foi impossível qualquer luzimento, porque o touro se lhe parou e não houve soluções.

João Moura Jr. começou a lide do seu primeiro que cumpriu com actuação de menos a mais. Ao falhar um ferro os apaniguados perdoaram e os críticos protestaram. Depois foi a lide dentro do seu conceito toureiro: ligação, galopes pelas tábuas, com recortes vistosos a empolgar o público. Com o segundo um touro algo reservado nas suas investidas, a receita foi a mesma: ligação e logo que tinha o touro no centro da praça atacava-o obrigando-o a investir. Há uma evolução no toureio de Moura Jr. que lhe permite tirar partido mesmo deste tipo de touros.
Marcos Bastinhas não tinha o ambiente favorável. Havia como que uma certa “hostilidade” ao estar metido entre “caetanistas e mouristas”. Por esse facto perdoou-se-lhe menos, um ou outro desacerto no momento da cravagem. Não se intimidou o de Elvas e no primeiro um touro que saiu logo de início a procurar as tábuas, andou ligado, elegeu bem os terrenos que o touro necessitava para ser mais colaborador. Levou a emoção do seu toureio às bancadas, em especial nos curtos, com um ferro de palmo e o par de bandarilhas ao segundo intento.
Igualmente o seu segundo não lhe deu facilidades. Foi um touro que sacou génio, o que é diferente de bravura. Marcos Bastinhas aproveitou essa condição do touro para arriscar ao máximo quando se metia pelos terrenos de dentro. Houve na realidade algum ferro menos conseguido ou um toque na montada mas, no cômputo geral, terminou em bom plano, com um soberbo par de bandarilhas com o touro a sair-lhe por debaixo da casaca.
Não foram fáceis os de Mata-o-Demo para os forcados, em especial para o grupo de Montemor com uma pega à primeira por Bruno Palmeiro, à segunda através de António Pina e Manuel Ramalho a enfrentar a dureza de um touro que o fez ir três vezes à cara. Noite triunfal para os Amadores de Monforte com três pegas à primeira tentativa através de Ricardo Gonçalves, Dinis Pacheco e João Maria Falcão, que arrecadou o Prémio “António José Zuzarte” para a melhor pega.

























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