segunda-feira, 6 de abril de 2015

Tourada com interesse em Alpalhão... debaixo de um sol tórrido.


Em domingo de Páscoa é difícil conciliar o almoço em família (que vem de longe) com a ida a uma tourada nesta data. Mas como Alpalhão fica a cerca de 40 minutos da minha residência e o cartel era interessante, fizemo-nos à estrada.
Tarde de muito calor. Daquele calor que anuncia trovoadas com um terço da praça preenchido. Foi uma corrida aos chapéus de palha (eu incluído) para amenizar a coisa… 

Do Montijo, da inesquecível Herdade da Barroca D’Alva (onde tanto aprendi nos anos sessenta e setenta da minha formação taurina com José Lupi, Dr. Branco, Balé, António Gregório etc), veio um misto de novilhos, touros e até um com cinco anos, por sinal o melhor do curro do Eng.º José Lupi. Todos cumpriram mas foi manifesta a pouca força, transmissão e até um que outro, algo reservado nas saídas para os terrenos de fora.
Abriu a função o veterano António Ribeiro Telles, com a inesgotável escola da Torrinha. O toureio frontal, o mexer no touro, saber eleger os terrenos e cravar ao estribo. Até nem foi uma das tardes brilhantes de António, mas cumpriu dentro dos cânones do que deve ser o toureio de verdade.
Também Tito Semedo - de cujo pai o Dr. Semedo, sempre recordo o cavalheiro e a forma como se relacionava com a imprensa nos inícios da carreira do Tito, se deparou com um exemplar com pouca força e transmissão. Esteve esforçado para chegar ao público. Os compridos foram algo fora de cacho, mas ficou para recordar o terceiro ferro curto mais ajustado e a sorte de violino em terrenos de compromisso. Na bancada a sua família (o empresário/matador de touros, Fernando Santos, de quem sempre lembro a sua passagem pelo Campo Pequeno como um dos grandes empresários aficionados).
Por João Moura Caetano se encontrar a tourear nesta tarde em Espanha, saiu à arena de Alpalhão em terceiro lugar Tiago Carreiras. Foi uma lide mais emotiva do que consistente. Algum toque na montada a ser superado pela entrega. Com o touro algo reservado mas a deixar-se lidar, aproveitou os terrenos dos tércios para deixar a ferragem, em especial como o “Quirino”.
O quarto touro da tarde tinha cinco anos, investia de maravilha por ambos os pitóns e António Almeida não soube aproveitar essa qualidade do touro. Insistiu nas batidas e o touro com bondade, acabava por sair da sorte. Necessitava de entradas mais rectas ao pitón. Nos dois curtos mais aceitáveis faltou mais ajuste nas reuniões. É um praticante e, como tal, está em fase de aprendizagem. Vamos esperar pela progressão, porque tem um mestre ao seu lado.
Confesso que foi a primeira vez que vi o praticante Miguel Tavares. Esteve digno sem deslumbrar, com um antagonista algo reservado. Em dois momentos surpreendeu por se arrimar com decisão.
Chegou de Espanha João Moura Caetano a tempo de lidar o último da tarde. Um novilho que lhe permitiu um toureio templado, como deve ser. Com pausas para que o animal respirasse e se fixasse nas suas montadas. Momentos de bom toureio do ginete de Monforte. Exibiu as montadas de uma quadra de muita qualidade e com soluções. Ajustou-se nas sortes e chegou ao público. Quanto a nós foi a actuação mais conseguida desta tarde em Alpalhão.
Os hastados de José Lupi, não são aqueles que muitas vezes vi e que eram um “petisco” difícil de digerir para os forcados. Daí que ambos os grupos não tiveram grandes problemas em consumar as pegas. Por Portalegre pegaram António Cary (1ª), Ricardo Almeida (1ª) e Alexandre Lopes (2ª). Já pelos Amadores de Arronches, foram solistas Ricardo Martinho (1ª), Duarte Gato (2ª) e Paulo Florentino (1ª). No final um empate técnico como se diria noutra modalidade.

Como nota de rodapé gostaria de trazer aqui o episódio de Monforte, quanto dei o título à crónica: O “triunfo” foi do cornetim. Só para dizer que fui abordado em Alpalhão pelo cornetim Nuno Narciso, que depois da explicação (com uma melhor compreensão do português por sua parte) dessa crónica, aceitou a referência que lhe fiz e pediu no final se me podia dar um abraço. São assim os verdadeiros Homens, que reconhecem, quando as coisas lhe são explicadas. Já agora esteve mais discreto em Alpalhão e não deixou de escutar os aplausos.
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