Dificilmente hoje me desloco à capital deste rectângulo à
"beira mar plantado", até porque no interior, o mar para nós são as
barragens ou albufeiras, como menos bulício, mais tranquilidade.
Foi no entanto com imenso prazer que fui a convite do meu
Amigo Pedro Nunes, assistir à abertura da sua exposição "Flamenco é
Livre...ou Toureio Não! e que dedicou ao Maestro Armando Soares. O evento foi
organizado e bem, pela Metiseventos no NH|Hotel Group, em plena Avenida da
Liberdade.
Conheci o Pedro Nunes há muitos anos, éramos então jovens
sonhadores. Ele que queria ser toureiro - e o seu maestro o matador de touros
Armando Soares. Ontem os três, tivemos a oportunidade de recordar muitas coisas.
Recordámos - com uma pontinha de nostalgia - aqueles tempos de grande
profissionalismo por parte dos toureiros e de afición pela minha parte.
Recordámos os treinos no Barreiro no velhinho ginásio da CP, com os Maestros
Diamantino Vizeu e Armando Soares, Mário Freire, José Manuel Pinto, Aberto
Reimão, Luís Peixinho, enfim uma imensidade de toureiros que se deslocavam ao
Barreiro para treinar. Depois do treino acabava com um jogo de futebol, em que
o Alberto Reimão quase sempre entrava às margens da lei do jogo, sobre o
Maestro Diamantino Vizeu e dizia: Maestro isto é futebol, toureio foi antes...
Dizia-me o Armando Soares: Fernando lembraste quando fomos a
Sevilha para a apresentação do “Procuna” e que a tua carrinha fez de coche cuadrilla e o picador não queria
entrar por causa do teu cão. Recordámos a cena e sorrimos, com a cumplicidade
da minha mulher, pois foi ela que quis, que o nosso cão, ficasse na carrinha
como guarda durante a corrida.
O meu Amigo Pedro Nunes, viria mais tarde a cruzar-se comigo
como colaboradores da revista Novo Burladero, e a amizade continuou a
solidificar-se. Não foi toureio na acepção da palavra mas é toureiro em tudo o
que faz através da sua genial pintura, onde o cromatismo, o domínio da cor, da
luz e o movimento, estão espelhados em cada uma das suas telas.
Como disse o nosso bom Amigo Vitor Escudero na abertura da
exposição "O Pedro Nunes, pela sua vida e carreira, em constantes faenas
de pellisco, quis ser (é) Toureio de
Arte...e, se não o conseguiu nas arenas, conseguiu ser Maestro na Arte Grande
de desenhar e pintar..."
Foi um (re)encontro de amigos, de verdadeiros e velhos
aficionados, daqueles que hoje, aos poucos, estão a desaparecer das praças de
touros deste país.
No final a Isabel Soares, essa grande Senhora e Amiga,
esposa de um toureiro que ainda hoje faz o paseillo
por las calles do seu Barreiro, brindou-nos com o seu grupo de
"Bailaoras de Sevillanas", com essa arte que bebeu nos bairros de
Triana, San Bernardo ou na Macarena. Lembras-te Maestro daquela noite
inolvidável em "Los Gallos" em que ouvimos a poesia e duende da Rafaela
Ortega.
Para terminar, tenho que confessar que eu, que tanto gosto
de fazer a estrada de Lisboa para o Alentejo, desta vez tive mais dificuldade.
Enhorabuena Maestros Pedro Nunes e Armando Soares.
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