Não o fiz como seria correcto: atempadamente! Mas, como diz o povo na sua imensa sabedoria "vale mais tarde do que nunca", e aqui estou para dar o meu abraço de solidariedade ao Miguel pela perda do seu "Comandante" aos 85 anos de idade.
Conheci o Comandante Alvarenga nos anos setenta, quando Manuel dos Santos era empresário no Campo Pequeno. Na trincheira com a sua inseparável máquina fotográfica, com a qual registou para a posterioridade um imenso espólio - por certo que ficou bem entregue.
Mais tarde, era então José Lino empresário da Daniel do Nascimento na Moita, quando um jovem se aproximou de mim e me perguntou se eu fotografava para algum jornal. Respondi-lhe que era para a minha página de tauromaquia na "Gazeta do Sul" - onde comecei a escrever de touros em 1976. Muito educado, apresentou-se dizendo-me que se chamava Miguel Alvarenga e creio eu, que me disse escrever também de touros no Jornal Templário de Tomar.
A abordagem era no sentido de colaborar com ele com as fotos. Mais tarde escreveu-me uma carta - que guardo algures no baú das recordações - com uma letra muito redondinha. Já com aquela forma tão peculiar da sua escrita, que foi aperfeiçoando ao longo dos anos em que se tornou jornalista. Não sei se o Miguel ainda se recorda deste facto...
Nunca cheguei a enviar-lhe nenhuma foto. Os tempos eram outros. Estávamos no tempo das zincogravuras. Perguntarão os mais novos: que raio era isso. Era a forma como se podiam imprimir as fotos nos jornais. A foto ou fotos, iam para o jornal que, por sua vez enviava para Lisboa, para uma empresa que as passava a zincogravura e ficavam no jornal. Até parece que estávamos na pré-história do jornalismo.
O meu relacionamento com o Miguel nunca foi de grande proximidade, mas sempre de um trato correcto e recíproco.
Nesta hora da partida do seu "Comandante" deixo aqui uma pequena nota. Estive uma vez em casa do Comandante Alvarenga para o convencer a participar numa exposição colectiva de fotografia no Montijo, à qual resistia em participar. Considerava-se um simples aficionado e não um fotógrafo taurino. O que fazia era por paixão ao toureio. Fui recebido em sua casa com esse trato que o caracterizava: um verdadeiro Gentleman. Que descanse em Paz.
Aproveito para deixar também neste simples escrito, um baraço ao meu Amigo Paulo Pereira, que também viu partir o seu pai. A nossa tauromaquia está cada vez mais pobre.
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