sábado, 3 de maio de 2014

Estremoz – A corrida da FIAPE vista de outra perspectiva

Por motivos de saúde não pude deslocar-me a Estremoz, para ver in loco, na minha terra natal, esta corrida integrada na FIAPE. Felizmente que ao ser transmitida pela RTP 1, deu-me a possibilidade de a ver e sobre outra perspectiva.
As várias câmaras, os vários ângulos e até as repetições, dão-nos outra visão da corrida que, muitas das vezes, ao vê-las na praça há pormenores que nos escapam. Muita embora nada chega a presenciar uma corrida no local próprio.
Mesmo assim não quero deixar de expressar a minha opinião sobre o evento. Do curro enviado pelo sempre amável e jovem ganadeiro Diogo Passanha, e que todos sabemos que este encaste Murube ao saem muito bem com aquelas investidas templadas, ou então, quando saem ao revés, são muito duros, em especial para os forcados. Dos exemplares que trouxe para esta corrida, o primeiro de Joaquim Bastinhas foi sonsote, o quarto e quinto mansos reservados. O melhor lote, sem ser nada de especial, tocou a João Maria Branco.
Sobre as actuações, Joaquim Bastinhas esteve digno perante a sonsaria do seu primeiro e nada pôde fazer frente ao quarto que foi manso, esperava e que por vezes faltava a mangada. Como maestro que é com mais de 30 anos de alternativa, deu uma lição de humildade (que devia ser um exemplo) ao negar-se a dar a volta. São os profissionais que devem ser os seus primeiros críticos e não vulgarizar as voltas que são em Portugal o prémio maior para uma boa actuação.
João Moura Jr. dentro daquilo que é o seu conceito de toureio, muito influenciado pela casa Moura, esteve poderoso ao desenvolver no primeiro uma lide com momentos de muito boa preparação e execução das sortes, sobretudo com o cavalo com o ferro do seu primo Francisco Romão Tenório. Se o segundo do seu lote foi manso a buscar as tábuas, o de Monforte mostrou recursos e soluções mesmo em terrenos de peso para deixar a ferragem da ordem.
Por vezes o coração, a entrega e a vontade de triunfar, sobrepõem-se a algumas lacunas na execução, como foi o caso de João Maria Branco a quem tocou o melhor lote e sobe chegar ao público, graças a essa entrega. Quando dizemos falhas na execução estamos a referir-nos à colocação dos ferros por vezes dispersa, ou quando o touro pendeu para terrenos de dentro insistir nos galopes a duas pistas.
A noite foi dos forcados alentejanos, nesta região que é alfobre da forcadagem portuguesa, como bem frisou o meu amigo Vasco Lucas. Portalegre, Monforte e Redondo raiaram a grande altura nesta noite em Estremoz com honras televisivas. Reclamam e muito bem não pegarem mais corridas porque têm qualidade para isso mas, a concorrência é muito forte, com mais de quatro dezenas de grupos no país.
Apenas lamentamos que a bonita praça de Estremoz, pela qual o Edil se bateu, não tivesse uma moldura humana a condizer com o atractivo cartel, montado pela empresa do Campo Pequeno.



(A pouca qualidade das fotos, deve-se ao facto que foram feitas através da TV, apenas servem para ilustrar o artigo de opinião)

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