sábado, 15 de setembro de 2012

Touro, touro---ou touro descafeinado (?)


Este é um debate antigo e abrangente, a que ultimamente se tem assistido quer no nosso rectangulozinho das touradas, quer na piel de toro.
A recente troca de missivas entre o jornalista/aficionado Miguel Alvarenga  (como ele se intitula) e o ganadeiro Armando João (Maria Guiomar Cortes Moura), em relação ao comportamento dos seus touros no Campo Pequeno e ao encaste Murube, o eleito pelas figuras do toureio a cavalo, veio agora juntar-se outra polémica, desta vez em França.
A corrida de Dax e o comportamento do público para com Julian Lopez “El Juli”, provocou da parte deste no twiter, uma opinião em que supostamente visava o ex-toureiro e actual crítico taurino e escritor francês, André Viard como sendo um dos “manipuladores” da opinião dos aficionados.
É sabido que a cultura taurina do aficionado francês baseia-se no princípio de que o touro é o elemento primordial da festa. A sua integridade, casta e bravura - que não é a mesma coisa - devem estar presentes nas arenas francesas, onde muitos dos matadores de touros espanhóis têm aberto caminho com as chamadas corridas duras. Em concreto: os franceses são acima de tudo touristas e só depois toureristas.
Sempre foi assim ao longo da história do toureio, as figuras impuseram as ganadarias da sua preferência. Se bem que tinham num passado não muito distante, o gesto e a gesta de lidar um abanico mais aberto de encastes. Hoje, como diz André Viard e só sota, cavalo e rei, ou seja: Domecq, Domecq e Domecq- O monoencaste está a prejudicar a Festa e os franceses diz Viard, não o vão permitir, porque as figuras um dia vão embora e a Festa continua. Diz o crítico francês que cabe às figuras como “El Juli” pelo papel que representa hoje no toureio, deixar um legado em termos de futuros toureiros, e esse legado é abrir-se a um leque mais abrangente de encastes.
Sabemos que o touro hoje exigido pelas figuras também dá a cornada, mas sabemos também, que lhe falta a transmissão. É confrangedor ver o touro ser destruído na sua capacidade por vezes debaixo do cavalo. É penoso ver o touro cair na arena, porque com ele cai a própria Festa. É até difícil hoje ouvir os comentadores dizer que há que cuidar o touro, levá-lo a meia altura e não dar toques bruscos para que não caia. Esta é a festa actual, a festa que os aficionados permitem que vingue e, como tal, é o aficionado quem deve decidir o que quer em termos do futuro para este espetáculo ancestral.

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