domingo, 9 de abril de 2017

Festival Taurino em Arronches - O meio alcançou o fim?

A Associação Amigos da Festa Brava, promoveu um festival taurino no dia 8 de Abril, cuja finalidade era arrecadar alguns proveitos para o Fundo de Assistência do Grupo de Forcados Amadores de Arronches. Este era o meio.



Este conceito de festivais taurinos com carácter benéfico, tem-se alterado ao longo dos anos e caiu numa banalidade, cujo resultado foi o que aconteceu em Arronches: Muito do cimento das bancadas à mostra. Basta recuar uns anos, no tempo em que se realizavam por exemplo os Festivais a favor da Cruz Vermelha Portuguesa, da Liga Portuguesa Contra o Cancro ou, ainda, a favor do então Fundo de Assistência do Sindicato dos Toureiros Portugueses, e que eram um êxito. A diferença consiste que então, eram as primeiras figuras do toureio nacional que participavam, quando não se lhes juntava uma ou outra figura vinda de Espanha. Actualmente as figuras, salvo raríssimas excepções, "fogem" dos festivais a sete pés...
Ora hoje nestes festivais os ganadeiros enviam para estes espectáculos reses que não primam pela apresentação, o cartéis são composto por toureiros que, por um ou outro motivo, não se conseguiram afirmar (alguns deles até com valor), por jovens que começam a dar os seus primeiros passos, e grupos de forcados que dada a sua localização geográfica fora da nossa região, não trazem público, para além dos familiares ou amigos dos grupos. Estes condimentos não são suficientemente atractivos para as pessoas se deslocarem.
Do cartel Francisco Cortes e Marco José, já com alguma veterania, têm argumentos suficientes para terem conseguido debelar uma ou outra situação mais complicada que os exemplares de Isidro dos Reis lhes pudessem colocar. Já Gonçalo Fernandes teve que se enfrentar a um touro encastado ao qual rubricou uma lide variada. Quanto a Salgueiro da Costa teve o mérito de se preocupar em tourear de frente, numa lide nem sempre nivelada. Acabou a lide com o espectáculo deprimente do touro ficar prostrado na arena e ter que ser arrastado para os curros sem hipótese de ser pegado. Diz-se que, quando um touro cai, com ele cai a Festa. Por muito que gostemos deste espectáculo e tudo fazemos para o defender, estas situações não podem deixar de nos preocupar porque não são a imagem que pretendemos para a Festa dos Touros em Portugal.
Verónica Cabaço conseguiu perante o seu touro que cumpriu bem, mostrar que tem a noção do que é o toureio. Soube eleger os terrenos e tentar praticar um toureio sem grandes concessões ao conclave. Já Soraia Costa esteve empenhada mas, também, revelou a insipiência de quem começa a dar os seus passos nesta profissão tão difícil e, ao mesmo tempo, complicada.
Os forcados são hoje por hoje, o elemento preponderante da Festa, pois sem eles a decadência do espectáculo à falta de valores que motivem aficionados e público, seria mais precipitado. Assim, pode eventualmente ter lugar durante mais algumas décadas.
De referir que neste festival foi apresentado o pasodoble dedicado aos Amadores de Arronches pelo maestro e compositor Vasco Viana e as pegas foram assim consumadas: Azambuja, Valter Soares e Renato Pereira à segunda (grupo misto Arronches/Azambuja); por Arronches Fábio Rita e por Coimbra, Nuno Afonso à terceira e Pedro Casas Altas à primeira.
Posto isto coloca-se a questão: Será que o meio alcançou o fim? Julgo que não, e os Amadores de Arronches não retiraram daqui grandes proveitos para o seu tão necessitado Fundo de Assistência.
Dirigiu o espectáculo Marco Gomes com critério e pedagogia, assessorado pelo Dr. José Guerra.















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