A data foi brindada com uma tarde de sol esplêndido, daquelas que fazem os aficionados saírem de casa, ainda por cima com mais de meia praça preenchida. Este motivo só por si, já contribuía para a predisposição de público e toureiros. Mas nisto das corridas de touros o elemento principal, o que permite que haja êxito, ou não, são os touros, no caso novilhos.
A novilhada lidada a cavalo da divisa de São Marcos foi no seu conjunto nobre e bravota, à excepção do primeiro que cumpriu mas, no último terço da lide, já se defendia. Os restantes foram colaboradores, com investidas por baixo e com alguma classe que permitiu a chamada à arena do representante da ganadaria.
Da veterania de Bastinhas e Rouxinol sabia-se que íamos desfrutar de um toureio que tem marcado os últimos anos da tauromaquia portuguesa. Ambos fiéis ao seu estilo, nunca dele abdicando, com entrega e emoção e um público fiel. Como igualmente sabíamos que nestes festivais há que rodar montadas. Ambos agradaram, chegaram ao público e todos nos divertimos, o que é importante neste espectáculo.
As expectativas e porque nos jovens valores reside a continuidade da Festa, era lógico que recaíssem em Marcos Bastinhas e Rouxinol Jr. Houve por conseguinte entrega total, cada um impondo o seu conceito de toureio. Marcos Bastinhas com maiores responsabilidades porque se espera muito dele, esteve entregue, variado e fazendo gala dessa afición desmedida que o leva a chegar ao público com facilidade. Toureio de casta, improviso, variedade e sentimento a quem esta época se vai exigir muito mais.
Quanto a Rouxinol Jr. ele é outro continuador de dinastia e faz jus disso mesmo, com um toureio com a marca da casa, embora com a sua personalidade.
Dois grupos em praça para pegarem os novilhos de São Marcos. Ambos deste Alentejo “manancial da forcadagem nacional” como é Portalegre e Arronches. O Grupo de Portalegre de Francisco Peralta, consumou as duas pegas ao primeiro intento através de João Martins e Cláudio Cruz, enquanto o grupo de
Como se tratava de um festival misto e pela ligação do homenageado à Escola de Toureio de Badajoz, as lides a pé estavam entregues aos matadores Luís Reinoso “El Cartujano”, agora maestro desta escola, Miguel Murillo e ao novilheiro sem cavalos, o português João Silva “El Juanito”, também ele aluno da Escola de Badajoz.
Os novilhos anunciados como de Votalegre (Hnos. Garzón, ex-Moura), foram regulares de comportamento. O primeiro para “Cartujano” seria substituído por partir um pitón. O sobrero foi mansote mas a que Cartujano meteu na "canastra" engodando-o, abrindo-lhe as viagens e, no final, conseguiu sacar-lhe muletazos templados e com gosto.
Regular de comportamento o lidado por Miguel Murillo, que teve momentos de toureria. Com muletazos templados e remates com gosto.
Com um colorao, muito em tipo Maribel Ibarra, Juanito bordou o toureio. Muletazos ajustados, correndo a mão para rematar atrás. Aproveitou bem o pintón direito do novilho, por onde investia mais largo e entregue, se bem que também lhe sacou alguns naturais com bom gosto, rematados com variedade. De referir que Joaquim Praxedes bandarilhou dois dos novilhos lidados nesta tarde.
Tarde entretida, com lembranças entregues a Joaquim Praxedes que comemorou não só 35 anos de toureio, mas também foi fundador há 15 anos do Grupo de Forcados de Arronches sendo o seu primeiro cabo. Praxedes esteve ligado ao longo da sua carreira a muitos dos cavaleiros portugueses, mas também tem sido ao longo dos anos presença assídua em Espanha ao lado de cavaleiros e rejoneadores. Com a Escola de Toureio de Badajoz mantém um relacionamento muito forte, dado que em várias ocasiões os seus alunos têm sido presença na Praça de Arronches. Apenas um pequeno senão, é que não havia necessidade de ser o próprio a fazer a apresentação de um acto em que era o homenageado.
No final de cada lide o fadista Gonçalo da Câmara Pereira cantou fados de tema taurino, dedicados a cada um dos toureiros.
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