quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

De Diogo, Diego a "El Portu"

Um primeiro paseillo em terras de Espanha
Se para mim como aficionado confesso ao toureio a pé, a “Arte de Montes”, algo me marcou na temporada de 2013, foi a persistência, o querer ser toureiro, não se rendendo à fatalidade do rectângulo luso e transpor fronteiras.
Três exemplos guardo na minha memória, embora com percursos diferentes. O primeiro de Manuel Dias Gomes, um jovem que podia eventualmente ter um futuro brilhante numa outra área, não deixa de perseguir o sonho de ser matador de touros.
Com um circuito feito entre Portugal, Espanha e França, Manuel Dias Gomes luta ao lado de um maestro como é Tomás Campuzano, conhecedor da dureza desta profissão, na procura do seu caminho.
Nuno Casquinha não hesitou em galgar o charco e embrenhar-se por terras peruanas. Por aldeias e vilas, muitas delas situadas a grande altitude. Aos poucos vai abrindo caminho em terras sul-americanas, e um dia há-de chegar aos ruedos mais importantes nestes países que abrem as portas a toureiros como Casquinha ou Israel Lancho.
Com buena prensa como dizem nuestros hermanos, Nuno Casquinha conta também com um elemento muito importante, o Homem que o acompanha e divulga toda a informação sobre o matador português. Hoje, com as novas tecnologias chega-nos encima do acontecimento. Um gabinete de imprensa ou como lhe queiramos chamar, mas que faz inveja a muito do que por aqui se passa.
Um outro caso que a mim me toca de perto, porque o acompanhei desde o seu despertar para o mundo dos touros, é Diogo Santos. Iniciou-se na Escola de Toureio de Palmela. Sim de Palmela porque ali houve uma escola dirigida por António José Martins e Jorge Martins. Foi aí que o Diogo se iniciou no toureio. Tinha em seu redor, para além do pai José Fernando e da mãe Eduarda, um grupo de amigos que o acompanhava, entre eles o meu Amigo José Henriques.
Acompanhámos os seus primeiros passos em Espanha, quando através do José Henriques veio para a Escola de Badajoz, com o maestro Luís Reina, esse fazedor de toureiros.
Muitas vezes a minha casa em Arronches foi “porto de abrigo dos seus pais”, onde desabafavam as suas preocupações, depois da viagem semanal entre Setúbal e Almendralejo.
Aqui mesmo em Arronches, quando ajudei o então provedor da Santa Casa da Misericórdia, Manuel António, a montar uma novilhada num mês de Agosto, com uns excelentes novilhos de Pontes Dias, inclui o Diogo Santos que, então para Espanha, ajudado pelo Juan Muro o “baptizei” de Diego Santos com uns postais que lhe fiz.
Por vicissitudes várias, o Diogo não conseguiu romper em Espanha. Francamente com as capacidades que tinha com as bandarilhas, sempre pensei que trocasse o ouro pela prata e se tornasse bandarilheiro aqui em Espanha. Perante o meu espantou verifiquei mais tarde que continua em busca da realização do seu sonho de ser toureiro, também ele no Perú, onde é conhecido por “El Portu”, apodo que não me parece de todo feliz. Mas enfim, o que interessa é que o Diogo, Diego ou “El Portu” não desistiu do seu sonho.

Um natural nessa primeira incursão em Espanha

Com o maestro Luís Reina no Ateneu de Almendralejo

O Coronel José Henriques numa palestra em Almendralejo

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