quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Os trintões

João Moura, Joaquim Bastinhas e António Telles,
conceitos diferentes...com públicos fiéis












Com a temporada tauromáquica no nosso país a caminhar a passos largos para o seu encerramento (antes era oficial com a tourada do Cartaxo), pouco ficou para recordar.
O número excessivo de espectáculos em que se insiste levar a cabo, com factores óbvios que deveriam contar na hora destas decisões por parte dos empresários, como a falta de uma ou mais figuras a levar os aficionados e o público em geral às praças; a crise económica que o país atravessa e um cada vez maior leque de eventos como concertos e outros que afastam os jovens das praças de touros, pese o esforço que tem vindo a ser feito para cativar a juventude, muitas praças ficaram com cimento à mostra.
Para recordar para além destes aspectos menos animadores, que podem levar as touradas para caminhos que todos nós aficionados não queremos, fica como registo mais agradável o papel que, passadas três décadas (ou mais) sobre as suas alternativas, continuam a ter João Moura (35 anos), Joaquim Bastinhas (30 anos) e António Ribeiro Telles (30 anos).
Estes trintões de alternativa, têm conseguido manter ao longo destes anos um público fiel que ainda se desloca às praças para os verem actuar. 
João Moura o inovador de um toureio cristalizado até aos anos setenta que, com a sua irreverência, concepção de um toureio de cercanias e temple, trouxe ao mundo do toureio a cavalo um novo interesse que se manteve e que este ano culminou com a encerrona no Coliseu de Elvas. Foi pena não se registar a entrada que o “Califa de Monforte” merecia mas, com dois espectáculos no mesmo local a antecedê-lo, não se augurava grande afluência de público para presenciar o gesto e gesta do de Monforte. 
Joaquim Bastinhas assinalou ao longo da temporada a comemoração dos seus trinta anos de alternativa. Várias foram as praças que se associaram ao toureiro de Elvas que, fiel ao seu conceito de toureio, consegue ao longo de todos estes anos ser uma primeira figura com um público que sabe não ser defraudado. O mérito de Joaquim Bastinhas consiste não ter abdicado desse conceito, resistir a “novas modas” e ir depurando de temporada para temporada o seu toureio, quase sempre com soluções para todos os touros.
Finalmente em Vila Franca de Xira, António Ribeiro Telles, o mais ortodoxo dos nossos cavaleiros tauromáquicos, sempre fiel ao toureio eterno, ao toureio frontal que se bebe na Torrinha desde sempre, é o fiel depositário de um conceito e estilo de lidar que arrasta consigo os aficionados mais puros. Não quero dizer com isto que o toureio não tenha que evoluir como tudo na vida mas, essa evolução só é bem-vinda se aportar algo de positivo ao toureio. Que essa evolução seja capaz de arrastar o público às praças, e isso com muito poucas excepções por pouco tempo, não tem acontecido. São estes factores para mim que levam a que nesta temporada de 2013, pouco haja para recordar senão a presença deste trio de trintões que fizeram a diferença.

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