Mais importante do que a análise ao próprio espectáculo, é
necessário analisar as causas e consequências de uma tão pobre entrada de
público nas bancadas da bonita praça da Terrugem. Com uma tarde de sol,
temperatura amena e bilhetes de preço acessível a favor de uma causa solidária,
o público não correspondeu.
A empresa “Toiros +” anunciou o festival a favor da Liga dos
Bombeiros Portugueses, uma causa mais do que justa. Todos nós sabemos das
dificuldades que os bombeiros portugueses atravessam com falta de meios; do
verão quente com tanta intervenção dos “Soldados da Paz” com a perca de vidas.
Porquê? Porque é que não houve uma resposta condicente...
Soubemos inclusive que um responsável pelos Bombeiros de
Elvas, em declarações públicas se demarcou desta iniciativa. Será que a Liga
dos Bombeiros Portugueses não fez bem o trabalho de casa. Consentiu que se
realizasse um festival a seu favor e não soube envolver as corporações dos
bombeiros pelo menos do distrito de Portalegre. Tudo isto merece uma explicação
por quem de direito.
Já quanto ao festival propriamente dito, ele foi digno e
interessante para os poucos mas bons que a ele assistiram. Os exemplares de
Lampreia tinham a apresentação mais do que suficiente para um festival. Quanto
ao comportamento há excepção do quarto que foi manso reservado, todos os outros
se deixaram lidar, sendo que os castanhos (capirotes, meanos bragados) tiveram
mais classe nas investidas do que os seus irmãos de camada.
A veterania de Rui Salvador e Francisco Cortes deram o toque
de madurez ao espectáculo, com actuações não exuberantes mas conseguidas, aqui
e ali com alguns equívocos de terrenos, em especial de Francisco Cortes.
Paulo Jorge Santos continua nessa mescla de toureio à
portuguesa, com a influência do rejoneo pelas suas actuações em Espanha.
Necessita de um toureio mais templado, porque pode ter um lugar em qualquer
cartel. Rui Guerra estrelou-se com o manso quarto e pouco mais pôde fazer do que
estar esforçado.
Com Rouxinol Jr. a música foi outra. Há ali muito trabalho e
muita intuição para o toureio, O jovem Rouxinol fez-nos lembrar os princípios
de seu pai, quando a sua classe como toureio e pela mão do saudoso Mário Freire, se via que podia vir a ser figura do toureio. Já valeu a pena ir à Terrugem
para presenciar a sua actuação. Como o Luís dever andar satisfeito com o seu
descendente que pode vir a ser gente no mundo do touro.
Foi a primeira vez que vi actuar o jovem Parreirita Cigano.
Veio-me logo à memória o seu pai que, com António de Portugal formou a última
parelha de novilheiros com interesse neste país. Levavam gente à praça.
Arrastavam paixões com Vila Franca a apoiar António de Portugal e Coruche a
defender Parreirita Cigano. Chegou mesmo Parreirita a desperta o interesse do mítico
apoderado “El Pipo”, que apoderou José Fuentes e Manuel Benitez “El Cordobés”. O
jovem Parreirita Cigano na versão de cavaleiro, mostrou carências de quem se inicia
nestas andança mas, casta e vontade não lhe falta. A caída não foi culpa sua
mas pelo cavalo ter escorregado.
Quando aos forcados foi bonito que os grupos do Ribatejo,
São Mancos, Aposento da Chamusca, Arronches, Académicos de Elvas e Redondo
estivessem presentes para com a sua disponibilidade ajudarem os Bombeiros
Portugueses. Apenas o Aposento da Chamusca pegou à segunda, sendo que os
restantes todos pegaram à primeira, até porque os “Lampreias” não colocaram
grandes dificuldades.
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