quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Se calhar é saudade…

Esperei que este artigo saísse primeiro na minha 5ª Coluna no Novo Burladero, porque o João Queirós não me "perdoaria" a ousadia do publicar primeiro neste blogue. Ele esteve presente e permito-me "roubar-lhe" a foto deste encontro e que já publicou na N.B..  


Li a determinada altura, duas notícias que me fizeram ter alguma reflexão, daquelas a que o defeso é propício. Eu conto: li que num restaurante no Barreiro, estariam presentes num jantar com aficionados e que terminaria com uma tertúlia, os matadores Armando Soares, José Simões, José Júlio e Júlio Gomes. A outra dizia respeito à hospitalização de Mário Freire.
Toureios e aficionados numa tertúlia à antiga (Foto-J.Queirós)
Todas estas pessoas me tocam de perto e, de alguma forma, directa ou indirectamente, contribuíram para a minha formação como aficionado, já que nos separam geracionalmente 15 a 20 anos.
Por outro lado o Barreiro, terra que muito boa gente sempre associou ao trabalho, pela importância que a CUF tinha por aqueles tempos, ou ao futebol, pelos inúmeros jogadores que deu à modalidade. O próprio Armando Soares fez os seus pinitos como futebolista. O José Augusto que, para além de ter sido um extraordinário jogador de futebol, é um excelente aficionado com o qual comparti muitas vezes tertúlia.
Tive vontade de me meter no automóvel e ir ao Barreiro, compartir tertúlia nesse jantar de maestros que povoaram de sonhos a minha juventude, que com a sua amizade me distinguiram e me ensinaram a ser um aficionado melhor, mais capacitado, mais exigente e, ao mesmo tempo, mais tolerante. Tive vontade de ir ao Barreiro, ao seu hospital fazer uma visita ao Mário Freire, que conheci como um subalterno de muito mérito, um dos últimos taurinos/apoderados de uma época que aos poucos se varre da memória colectiva dos aficionados.
A vida não me permitiu ceder ao impulso, mas não me impediu de ir ao baú das recordações e revisitar esses treinos no ginásio da CP no Barreiro, onde o Mário foi funcionário. Ali se encontravam o Mário Freire, Armando Soares, Diamantino Vizeu, Júlio Gomes, Francisco Plirú, António José Martins, Alberto Reimão, Luis Peixinho, eu e o meu irmão Vitor… como espectadores.
Aulas vivas e práticas do que é o toureiro nas suas vertentes de matadores e bandarilheiros. Aulas vivas de uma paixão pelo touro e pelo toureiro que hoje aos poucos se vão perdendo. Aulas vivas de amizade e companheirismo, cimentadas depois em viagens quer de carro ou, muitas vezes, de autocarro do Montijo para o Barreiro e vice-versa, durante as quais só se falava do toureio.
Quando este despretensioso escrito chegar às mãos dos visados, espero que os primeiros tenham desfrutado como só eles o sabem fazer ao abordar o toureio na sua essência; ao segundo que já esteja restabelecido, porque o nosso “mundillo” necessita por mais anos do Mário Freire que todos conhecemos.

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