sábado, 17 de julho de 2010

Hierarquia

Num destes dias, em que a comida aconchega o estômago de uma outra forma, estava eu a almoçar num restaurante em Monforte, onde se reúnem alguns aficionados e saltou para a conversa o tema do respeito, da hierarquia no toureio…como em tudo na vida.

Isto porque falávamos da forma em como hoje as quadrilhas se deslocam para as corridas, muitas das vezes, cada um dos bandarilheiros chega no seu próprio transporte à praça ou ao local onde se vestem e, terminado o espectáculo, na maioria das vezes, cada um segue o seu destino.
Recordava eu com o meu amigo Eng.º Evaristo Cutileiro (antigo forcado do Grupo de Évora), antigos bandarilheiros como o António e Manuel Badajoz, José Tinoca, Manuel Barreto, Abel Cascão, Guilherme Pereira, enfim, uma plêiade de homens que se vestiram de prata e que, no toureio, deixaram de uma ou de outra forma, a sua marca, independentemente do seu valor ou arte.
A um canto do restaurante, almoçava também o bandarilheiro monfortense da geração mais contemporânea, Hugo Silva, que referia a forma quando ele começou como todos se dirigiam com respeito aos bandarilheiros como António Badajoz ou outros. Eram vistos como maestros desta profissão, e o respeito e a admiração criava um certo distanciamento, se bem que eram esses mesmos bandarilheiros que lhes transmitiam os conhecimentos da lide, o conhecer o toiro, o cavalo e os terrenos.
Nada mais verdadeiro. Hoje com o proliferar das escolas de toureio, todos querem ser matadores de toiros, uma ambição louvável. Infelizmente na sua grande maioria não atingem esse patamar e ficam-se por bandarilheiros, mas sempre, salvo honrosas excepções, com alguma soberba por vezes incontida, não aceitando conselhos de ninguém nem respeitando os mais veteranos.

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