quinta-feira, 16 de março de 2017

A Feira de Valência sob o signo da homenagem à memória de Manolo Montoliu

Monumento a Montoliu junto à Praça de Valência
No dia 1 de Maio, passam 25 anos sobre a trágica morte (Sevilha 1 de Maio de 1992, quadrilha de José Maria Manzanares, touro Cabatisto de Atanázio Fernández), daquele que foi matador de touros mas, sobretudo, um grande bandarilheiro.
Simón Casas o produtor tauromáquico como gosta de ser conhecido, empresário da praça de Valência, decidiu em boa hora, reunir a afición valenciana em torno da efeméride dos 25 anos da morte de Manolo Montoliu.


Esta efeméride tem para mim uma história, pela forma como um dia me cruzei com Manolo Montoliu. Decorria o ano de 1987 e o saudoso Ludovino Bacatum, então representante dos Choperas em Portugal, entrou um dia na redacção da Novo Burladero e propôs ao João Queirós, eu ir a Salamanca fazer a feira daquele ano. Disse que trataria de tudo e que quando lá chegasse (à praça), era só identificar-me.
Estava de férias em Arronches e daqui parti com a minha mulher de madrugada rumo a Salamanca. Chegado à praça, dirigi-me ao responsável pela comunicação social e, para meu espanto, disse-me que não sabia de nada. Estupefacto, e como não havia as possibilidades de comunicação que existem hoje, e, por outro lado, nunca tive paciência para ficar à porta das praças à espera que a empresa decida se posso ou não fazer o meu trabalho (divulgar a Festa que todos temos que defender), disse ao senhor para não se preocupar.

(Praça de Aranda de Duero antes da cobertura)
Voltei para o carro onde tinha comigo o último número da revista Aplausos, e disse à minha mulher para ver se havia alguma corrida perto de Salamanca para irmos ver. Para nosso espanto, no dia seguinte começava a Feira de Aranda de Duero (Feria de Nuestra Señora de las Viñas). Ainda com a particularidade de ser lidada uma novilhada de Cunhal Patrício (do meu caro Amigo e Senhor Isidoro Maria de Oliveira), toureava o Rui Bento Vasques de novilheiro com o Niño de La Taurina (Aranda de Duero -Burgos. Novillos de Cunhal. Chicuelo de Albacete, ovacionado. Rui Bento, cuatro orejas, Niño de la Taurina, dos orejas y rabo, y vuelta), apoiado pelo Maestro Gregório Sanchez e o Vitor Mendes (Toros de Luis Albarrán- buen juego. Roberto Dominguez, ovación, una oreja; Tomás Campuzano, dos orejas y Vitor Mendes, ovación, dos orejas y rabo con salida a ombros – Diário ABC). Não pensei duas vezes. Apontei a Valladolid e em pouco tempo estava na Praça de Aranda a falar com o empresário, simpatiquíssimo que até ficou aborrecido comigo por eu ter comprado bilhete para a minha mulher. Tratou de me dar o “pase de callejón” para a corrida e no dia seguinte para a novilhada.
(Antoñete com Montoliu e Martín Récio)
No dia da corrida de Vitor Mendes, fui ao pátio de quadrilhas para o cumprimentar e falarmos um bocadinho, quando ele me disse: Fernando deixa-me apresentar-te o Manolo Montoliu e o Martín Récio que agora vêm na minha quadrilha, depois de estarem com o Maestro Antoñete.
Cumprimentei-os e o Vitor disse-lhes que era um amigo, aficionado e periodista português da mais prestigiada revista nacional. Não esqueço estas palavras e de ter tido a oportunidade de conhecer este grande toureiro que mal pensava eu, em 1992 via a sua trágica morte. As crónicas e fotos saíram na revista Novo Burladero de Setembro de 1987.
(O porte de um grande bandarilheiro)
Manolo Montoliu era a personificação do toureiro, dentro e fora da praça. O seu andar a passo para os touros, com os braços caídos e as bandarilhas a apontarem para a arena. Quarteava-se e reunia na cara dos touros com a verdade que deve ter a arte de bandarilhar. O mesmo executa hoje o seu filho, José Manuel Montoliu que lhe seguiu as pegadas e que é a imagem viva de seu pai.
Valência, os seus aficionados e Simón Casas, não esqueceram de homenagear nesta Feria de Fallas, Manolo Montoliu. Bem hajam!


Portada do ABC com a cornada fatal

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