Pela primeira vez o Coliseu de Elvas recebeu uma tourada de
Gala à Antiga Portuguesa. Uma evocação histórica das touradas reais com tudo o
que encerram de beleza e ritual, que desperta o interesse do público e
aficionados.
A registar com agrado a lotação esgotada que se registou com
muita gente a ficar sem possibilidade de assistir a este acontecimento único.
Serviu esta tourada para assinalar perante o seu público os
30 anos de alternativa do cavaleiro elvense Joaquim Bastinhas. O cartel
contemplava Ana Batista, Moura Caetano, João Moura Jr. e Marcos Bastinhas.
Cinco toureiros para seis touros porque o último seria lidado a duo por Joaquim
Bastinhas e seu filho Marcos. Forcados de Évora e Elvas.
Lidou-se um curro de Maria Guiomar Cortes Moura, bem
apresentado, alguns exemplares com peso excessivo que se viria a reflectir no
seu andamento, sobretudo o primeiro.
Depois do cortejo com o Neto, Charameleiros (com os
elementos da GNR a cavalo), Pajens, Coches e Cavaleiros, entrou na arena a azémola ou mula, que transportava a ferragem.
Depois de entregue pelos forcados, estes se encarregaram de retirar da arena
com rapidez o animal considerado pouco indigno de estar na arena.
Joaquim Bastinhas esteve por cima do seu primeiro que foi
manso e sem andamento. O cavaleiro de Elvas colocou da sua parte tudo o que
faltou ao touro. Com o seu conhecimento e entrega que coloca em cada lide,
transformou uma lide que podia ser amorfa em algum ritmo que chegou às
bancadas.
Ana Batista esteve empenhada mas com poucas soluções para
superar as características do touro. Deu algum colorido com a sua presença em
praça mas a lide ficou aquém daquilo a que Ana nos habituou.
Com os últimos touros com mais andamento tudo seria
diferente. João Moura Caetano teve um dos grandes momentos da noite na lide do
terceiro. Deu vantagens ao touro com cites de largo e aguentado em terrenos de
tábuas, para com ligeira batida reunir e deixar um ferro empolgante. Igualmente
emocionante o terceiro da série dos curtos que levou o público ao rubro. João
Moura Caetano que ao longo da lide e no seu estilo peculiar deu pausas ao
touro, colocou movimento num carrocel em que deixou sequencialmente os ferros
de palmo.
Galopava com tranco o quarto que coube a João Moura Jr. que
dentro do seu conceito do toureio levou o touro cosido à garupa em galopes a
duas pistas (ou ao revés). Citou de frente nos ferros curtos por vezes
exagerando nas batidas, por vezes mais ajustado nas sortes, onde há muito da “escola
mourista” com esse toureio de cercanias e conhecimento dos terrenos. Fez-se
aplaudir com força em alguns momentos e rematou com os habituais ferros de
palmo.
Igualmente com um toureio empolgante, por vezes pisando
terrenos de risco esteve Marcos Bastinhas com o quinto da noite. Um toureio
muito personalizado, com essa “condicionante” de levar sobre os ombros o peso
do nome Bastinhas que aos poucos se vai libertando, para se impor como um dos
jovens valores do toureio actual com nome próprio. Variado na lide, arriscando
em cada momento, conseguiu que o público se rendesse ao seu conceito de toureio
alegre mas, que procura em cada ferro colocar a verdade e a emoção. Condimentos
estes que são o tempero de uma festa que se quer viva na arena e nas bancadas.
Para terminar esta grande noite no Coliseu de Elvas, só uma
grande actuação a duo de Joaquim Bastinhas e seu filho Marcos que, no centro da
arena brindaram ao céu, a Sebastião Tenório, julgamos nós. Há aqui muitas horas
de treino conjunto. Um conhecimento mútuo de montadas, do touro e dos terrenos,
fazendo-nos lembrar lides a duo de outros tempos que agora caíram em desuso.
Foi a colocação do touro de um para o outro, as entradas atempadas e os
ressaltos aproveitados. Foi a variedade com ferros de frente, em sortes de
violino ou nos pares a duas mãos pelos terrenos de dentro. No final foi a apóteose
com o público em pé e pai e filho fundidos num abraço do dever cumprido.
Não foram fáceis os de Maria Guiomar para os forcados. Por
Évora pegaram João Madeira (1ª), Manuel Rovisco (3ª) e Dinis Caeiro (1ª). Os
Académicos de Elvas pegaram através de David Barradas (2ª), Joaquim Guerra (1ª)
e Afonso Martins (4ª).
Durante o intervalo foram descerradas lápides na entrada do
Coliseu. Uma alusiva aos trinta anos de alternativa de Joaquim Bastinhas e a
outra de homenagem ao autarca José Rondão Almeida, ao qual se fica a dever a
construção deste belíssimo coliseu e o apoio que deu à festa durante os seus
mandatos à frente da Câmara Municipal de Elvas. Também um breve resumo em http://youtu.be/HRZWm-NpE_g
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