Em tempos de crise em que temos vindo ultimamente a assistir a muitas praças com muito cimento à vista, constituiu para nós ontem, o grande triunfo do público em geral e dos aficionados em particular, a enchente registada na Daniel do Nascimento.
Com a falta de figuras no toureio equestre nacional com capacidade para convocar os aficionados e o não emergir um jovem valor com essa capacidade de arrastar o público às praças, como alternativa há dois nomes do rejoneo espanhol como são Pablo Hermoso (passada semana no Campo Pequeno) e o luso/espanhol Diego Ventura nesta corrida a formula encontrada para ultrapassar este momento.
A empresa Campo e Praça apostou forte neste cartel com o incombustivel João Salgueiro e o talentoso João Ribeiro Telles Jr. para alternarem com Ventura.
O curro com a divisa Passanha esteve uns furos ligeiramente acima dos do Campo Pequeno. Primaram pela mansidão, pouco andamento, refugiando-se em tábuas à excepção do sexto.
Quando falta a emoção transmitida pela bravura do touro, o espectáculo perde um dos seus principais motivos de interesse. Para suprimir essa falta de casta dos touros, tiveram que se superar os toureiros.
João Salgueiro na nossa opinião não se acoplou e não encontrou os terrenos certos na primeira metade da lide do que abriu praça, para depois ser o Salgueiro da entrega, esclarecido, fazendo gala dos seus atributos como um dos mais interessantes toureiros das últimas décadas. Muito melhor perante o segundo, debelando dificuldades, citando de largo para depois encurtar terrenos e deixar um par de ferros com a sua marca.
Ídolo pelo mundo taurino, idolatrado por uns e protestado por outros, este é Diego Ventura. Sempre assim aconteceu na história do toureio com as grandes figuras. Mal da tauromaquia se ela fosse amorfa e consensual.
Desde os galopes ao revés, às batidas ou um que outro encontonazo nas montadas, até aos mordiscos – com o “Morante” - de tudo houve no toureio de Ventura. Os ferros com emoção, os recortes toureiros e uma quadra de cavalos com um arranjo superior, são motivos mais do que suficientes para que o público se entregue ao ginete nascido em Lisboa e hoje de Puebla del Rio.
Quem tem como predilecção a escola da Torrinha, com aquele toque de arte e inspiração – herdado de seu pai – não pode deixar de se render ao toureio do jovem João Telles.
A perfeita eleição dos terrenos, o toureio frontal a postura na sela e o improviso que foi aparecendo ao longo das duas lides, foram de facto os grandes momentos da noite para o aficionado mais exigente.
Os Amadores do Aposento da Moita tiveram uma noite empolgante. O estofo dos seus elementos, a coesão do grupo marcou a noite com quatro pegas ao primeiro intento através de José Broega, Nuno Inácio, Leonardo Martins e Francisco Baltazar. José Maria Águas fechou-se à segunda e José Maria Bettencourt à terceira.
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