Desiludido, decepcionado mesmo com o nosso triste panorama
taurino, sem novidades, sempre mais do mesmo, refugiu-me por vezes nas recordações
que tenho vivido como aficionado.
Num destes dias no Canal Plus Toros, revi o maestro Juan
Mora, fora dos ruedos, como convidado do programa taurino deste canal espanhol.
Creio se a memória não me atraiçoa, que já leva trinta anos
de alternativa. No ano de 2010, com meia dúzias de muletazos triunfou em Madrid
numa tarde emotiva em que corta três orelhas aos de Torrealta.
À minha memória veio-me a primeira vez que vi tourear Juan
Moura, então com 12 ou 13 anos.
Foi precisamente por ocasião de uma Feira de Sevilha. Conheci
por essa altura um novilheiro venezuelano de nome Pepe Luís Nuñez que me
apresentou o João Mascarenhas. O Pepe Luís passou a viver entre Vila Franca de
Xira e Montijo. Era frequente por esses tempos estarem nestas duas localidades
muitos novilheiros sul-americanos que aqui faziam muitos tentaderos e depois o
rumo era Espanha.
Nessa Feira de Sevilha, eu e os meus amigos aficionados,
tivemos a sorte de nos encontrarmos com o Pepe Luís Nuñez, que não só nos
arranjou um magnífico apartamento de uma amiga que estava para casar… e nos
resolveu a questão das dormidas. Graças também ao Pepe, conhecemos um tal Simon,
que diziam ter sido como que mordomo de António Ordóñez. Era um personagem com
grande cartel por estas paragens. Através deste Simon fomos integrados num
grupo de aficionados venezuelanos, ligados ao petróleo, que acompanhavam um
novilheiro em que depositavam grandes esperanças, de seu nome Rafael Pirela.
Saímos um dia pela manhã rumo à Serra de Aracena. Fomos para
uma finca assistir a um tentadero com este Rafael Pirela e onde toureou um
jovencito becerrista de nome Juan Mora. Recordo como se fosse hoje o empenho de
seu pai, que teve grande importância na sua carreira. Como recordo já nessa
altura o seu recorte de toureiro de arte.
Anos, muitos anos mais tarde, voltei a cruzar-me com Juan
Mora, quando deu a alternativa em Badajoz, no dia de S. José do ano de 1994 ao
José Luís Gonçalves.
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