quinta-feira, 14 de julho de 2011

Antes meia praça em Sevilha do que praça cheia em Pamplona

Ao longo dos meus já largos anos de aficionado, quer por motivos profissionais, quer como mero turistas, assisti a muitas corridas nas principais praças de touros de Espanha e nunca fui a Pamplona. Conheço esta cidade por visita de ordem profissional mas nunca me seduziu as suas festas.
Aceito que há que ter em conta as características específicas de cada região e as suas tradições, como aceito o importante papel que os San Fermín têm na festa dos touros e de forma universal, sobretudo os seus encierros. Uma projecção só atingida depois das obras de Ernest Hemingway, que deu a conhecer ao Mundo a Festa dos Touros em Espanha e, sobretudo, em Pamplona.
Como aficionado aprecio o silêncio como protesto e as palmas e olés como prémio de uma boa série de muletazos ou o resultado final de uma faena. Respeito os que se colocam em frente ao touro com a qualidade e o profissionalismo que se exige a um matador de touros; respeito os ganaderos que exercem por afición ou tradição familiar, já não me merecem esse respeito os que fazem da criação do touro de lide um mero negócio, para além daquele que deve ser criar o touro e vê-lo ser lidado numa praça.
Não posso é ser hipócrita ao ponto de dizer que não tenho assistido a estas Festas de San Fermín através da televisão, como muitos dos aficionados o têm feito.
Sinto contudo, mesmo assim, na comodidade do sofá que este é um espectáculo quase a raiar o anti-taurino. As peñas podem garantir à Santa Casa da Misericórdia as casas cheias, agora o que se constata é a falta de respeito por muitos dos elementos destas peñas que vão para ali para simplesmente se encharcarem em vinho, berrar e desrespeitar os que na arena jogam a vida.
É certo que os matadores que aceitam tourear nestas condições sabem ao que vão, e o importante que pode ser um triunfo nesta praça para as suas temporadas. No entanto, este ano, as coisas pioraram de tal forma que já os matadores não se podem perfilar para entrar a matar ou descabellar um touro, sem que sejam vaiados por um bando de idiotas que não fazem puto de ideia do que é uma corrida de touros..
Prefiro meia casa em Sevilha com os seus silêncios e os seus olés, do que praça cheia em Pamplona com esta atmosfera que pouco tem a ver com o espectáculo como eu o entendo.

Sem comentários:

Enviar um comentário