Este é um artigo de opinião, resgatado e adaptado que escrevi já há algum tempo na Revista Novo Burladero
Muito se fala na crise actual do país que pode afectar o espectáculo dos toiros em Portugal. Parece-me no entanto, que essa crise tem uma explicação plausível, pelo menos no meu entender.
Se atendermos a períodos anteriores, de décadas mesmo, sempre se falou em crise. Falou-se em crise com a morte de Joselito “El Gallo” ou mesmo aquando do suicídio do “Pasmo de Triana”. Juan Belmonte. E isto na pátria do toureio. E também sempre se tem falado em crise no nosso país nos momentos de maior aperto económico, e esta já é a terceira vez que o FMI nos impõe restrições.
O que importa analisar é o porquê dessa crise (nos touros) e como deve ser estruturada a Festa dos Toiros em Portugal.
Temos que ter presente que o público dos toiros é um público generoso, e mesmo em momentos de crise como este que nos afecta - e vai afectar por muito tempo - ele pode corresponder ao apelo de um cartaz com interesse.
Quem se der ao incómodo de consultar as estatísticas dos últimos anos, e podemos falar de entre vinte a trinta anos, notará que o número de espectáculos foi sempre crescendo ao longo das temporadas.
A crise existe porque anteriormente o número de espectáculos era menor, as corridas só tinham lugar nas datas tradicionais de feiras ou festas, os toureiros tinham interesse e os aficionados guardavam-se para as corridas nas suas localidades.
Hoje, e com o surgimento de novos “empresários” na Festa dos Toiros, o panorama alterou-se substancialmente. Assim, basta olhar para as paredes de cidades, vilas e aldeias e constatar o enorme número de programas a anunciar o espectáculo dos touros nesta Páscoa. Será correcto no momento que o país atravessa este excesso de oferta? Será que a formula seria reduzir o número de espectáculos e apostar na qualidade e não no caminho que se está a seguir? Também é certo, que foi uma autêntica surpresa o que aconteceu na abertura da temporada no Campo Pequeno. Mas há que ter em conta que Lisboa goza de um situação, como capital do país, muito diferente do que o interior, onde nesta quadra se dá o maior número de espectáculos. Com tanta solicitação a que na sociedade actual/global o mais comum dos mortais está sujeito, ir aos toiros é quase um acto heróico, pelo que pressupõem os gastos inerentes a entradas, deslocações e o pouco interesse por vezes dos cartéis.
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