sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Vivências – Eu e…Vitorino Martín

O autor com Vitorino Martín

O telefone tocou. Do outro lado da linha a voz de Vitor Mendes
- Estou! Fernando tens alguma coisa para fazer amanhã?
- Porquê! Respondi.
- Amanhã vou a um tentadero e queria convidar-te para ires comigo.
- Já estou pronto. Então a onde é que vamos?
- Olha, amanhã às 8 horas juntamo-nos na Torre, no Porto Alto. Depois vamos buscar o Dadé (Eduardo Oliveira) e vamos às Almargias, ao Simão Malta.
- OK… maestro!
Esta conversa passou-se estavam Vitor Mendes e Eduardo de Oliveira no activo, e serve para vos contar um dos meus encontros com o ganadeiro Vitorino Martín (pai).
Depois desta conversa ao telefone, e como tenho uma forma talvez antiquada de proceder, liguei à noite para casa do meu saudoso amigo Simão Malta a contar-lhe do convite que o Mendes me tinha feito mas, não queria aparecer na sua casa, sem por ele ser convidado.
Naquela forma gentil e amiga como sempre me distinguiu ao longo dos muitos anos de amizade, disse-me: 
- O meu amigo está sempre convidado, esta casa é sua. Olhe, digo-lhe mais, traga um gravador que tenho aqui uma surpresa para si.
Tentei saber qual era a surpresa mas o meu amigo Simão não se abriu.
No outro dia lá nos encontrámos no Porto Alto, fomos buscar o Dadé e, na carrinha do Vitor Mendes, lá fomos até às Almargias.
Chegados lá soube logo qual era a surpresa: Vitorino Martín.
Logo ali o amigo Simão disse: 
- Oh Vitorino, no final do tentadero tens que dar aqui uma entrevista ao amigo Fernando Marques. 
O sorriso rasgado apareceu na cara de Vitorino, onde brilhava o seu dente em ouro para dizer: 
- Muy bien al final hablamos se quieres…
O tentadero começou, já não recordo quantas bezerras se tentaram. Recordo-me isso sim, que Simão Malta me distinguiu, assistindo ao tentadero a seu lado e de Vitorino.
Escutando, porque sempre gostei mais de escutar nisto dos touros do que falar, apercebi-me então do conhecimento do ganadeiro da Galapagar. Não havia nenhuma bezerra que saísse que não acertasse com o seu comportamento. Estava boquiaberto com tanto conhecimento. Sobretudo por ser uma ganadaria que não a dele.
Depois da tenta, teve lugar o almoço, onde reinou a simpatia da Dª Helena e a tertúlia em que se convertem sempre estes almoços após um tentadero. Falou-se do comportamento das bezerras, das faenas dos toureiros. Enfim, aquilo que os aficionados sabem, pelo menos aqueles mais metidos neste meio.
Após o almoço, veio então a prometida entrevista. Nessa altura estava na berlinda aquilo que diziam nos mentideros ser a remarcação por parte de Vitorino de reses do mesmo encaste com o seu ferro, o que lhe permitia lidar um maior número de corridas e novilhadas. Coloquei-lhe a pergunta e a resposta foi simples: 
- Tu acreditas nessas coisas. Os periodistas só querem noticias destas para vender papel… 
O sorriso e o dente de ouro novamente a brilhar. Desta vez com menos brilho, porque o fumo do inseparável puro (charuto) tirava-lhe o brilho e disfarçava o sorriso algo amarelo...

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