terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Perdi um Amigo: Joaquim Manuel Tenório “Bastinhas”

Já era como para mim, estivesse anunciada a sua perca. Já tinha passado pelo menos duas semanas, quando alguém que passou muito da sua vida perto de Joaquim Manel me disse: “Fernando não me deixaram vê-lo. Só me disseram, reza e acende uma vela”. Como se fosse o não se apagar a chama daquilo que seria um milagre, salvando-se desta grande cornada. 

Joaquim Bastinhas partiu no último dia de 2018. Quero guardar dele recordações do Amigo, do Homem que sempre teve para comigo um comportamento exemplar. Compreendia perfeitamente quando eu dizia que não ia às suas festas depois de uma corrida, porque custava-me sentar à mesa com gente deste mundillo que o rodeava, não pela pessoa mas do que podiam conseguir em seu proveito. Sabia que tinha em mim um Amigo com quem se podia abrir, ele e a Lena. Como naquele almoço em sua casa, só nós, em que queriam ouvir a minha opinião sobre determinado assunto da comemoração da sua alternativa. Sabia que podia contar comigo, quando do terrível acidente que sofreu e do qual conseguiu recuperar, em que mesmo ao entrar na ambulância, pediu a um seu funcionário para me telefonar para acompanhar o seu filho, pois queria que ele honrasse a palavra e a sua profissão, e tourear nesse mesmo dia em Mérida.
A nossa passagem pela vida traz-nos destas coisas. Eu que nunca fui de grandes intimidades com toureiros, tive dois Amigos que me marcaram: José Mestre Batista e Joaquim Bastinhas. Padrinho e afilhado que romperam com o status estabelecido vindo de famílias humildes e atingiram o estatuto de figuras pelo seu toureio e pela sua irreverência.
Não me vou despedir dele da forma vulgar de uma presença pessoal. Não quero! Prefiro guardar a imagem daquele abraço que trocámos quando, depois do acidente, reapareceu no Museu do Café e me puxou num abraço. Sussurrando-me ao ouvido: Fernando já aqui estou de novo. Até um dia destes Amigo.

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