domingo, 13 de janeiro de 2019

Partiu o Emílio de Jesus, um dos últimos verdadeiros fotógrafos taurinos

A vida é tramada, como é bonita de viver, mas é mais fácil passar pelos bons momentos do que ultrapassar os maus.

Foi hoje a sepultar o meu ‘Milocas’ como sempre o tratei. Encontrámo-nos éramos ambos jovens e com a cabeça cheia de sonhos quanto a este mundo taurino onde vivemos tantos e tantos momentos.
O Emílio pertencia àquela geração de fotógrafos taurinos que vieram a seguir ao Figueiredo (pai e filho), ao Brito, entre outros do tempo do preto e branco. Do tempo em que o fotógrafo era fotógrafo, desde o disparo do obturador, passando pela revelação, lavagem, fixação e depois a amplificação para o papel. Fez este percurso mas, já entrando na cor, como o fez o Luís Azevedo, o João Trigueiros, estes últimos de Vila Franca de Xira, ou o Chaparreiro.
Ali em Alverca onde era professor e tinha o seu estúdio, era admirado e reconhecido o seu trabalho em especial nos casamentos e baptizados. Um dia passou a frequentar as trincheiras das praça de touros com a sua máquina em punho, a captar momentos que muitas vezes escapavam aos outros. A sua simpatia e porque não dizê-lo irreverência, foram-lhe abrindo portas e fazendo Amigos por todo o lado. 
A nossa amizade que veio desde a revista Burladero, do João Queirós, onde fizemos trabalhos juntos, foi-se perpetuando no tempo e manteve-se com momentos inesquecíveis nas trincheiras das praças onde nos encontrávamos como veteranos destas andanças.
A vida é tramada e, em pouco menos de um ano, levou-me quatro grandes Amigos: o meu compadre António José Martins, Nené, o Joaquim Manuel ‘Bastinhas’ e agora o meu ‘Milocas’ que foi um lutador contra esta cornada que a vida lhe pregou mas com a qual lidou com grande coragem e dignidade.
O seu falecimento foi-me transmitido pelo João Queirós, que me assegurou que falou com ele no dia anterior e que morreu em Paz. Mesmo assim, não deixo com a sua perca de citar o poeta que diz? Quando um Amigo se vai, algo se nos perde na alma’. Até um dia ‘Milocas’ que nos encontremos para dizermos um ao outro mais umas baboseiras.

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