quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Alfredo, Luís e Rouxinol Jr, uma geração de toureiros a cavalo

Passaram trinta anos sobre a realização do sonho de Alfredo Rouxinol. Trinta anos de alternativa do seu filho Luís Rouxinol, hoje figura do toureio a cavalo em Portugal.


Recordo no entanto, outros começos que acompanhei passo-a-passo. Recordo que, a primeira vez que me fardei de forcado pela Tertúlia Tauromáquica do Montijo, foi para participar num festival na Praça de Touros Carlos Relvas do saudoso Jorge dos Santos (o Jorge d’Almada), decorriam os anos sessenta do século passado. O cartel que recordo, era composto por Alfredo Rouxinol e Manuel Pires Rosa “Balé” a cavalo e o Ricardo Chibanga na lide a pé.
O sonho de Alfredo Rouxinol nunca se cumpriu. Foi um amador de grande dignidade que nas suas terras das Faias, lançou a semente para que um dia o seu filho Luís, fosse cavaleiro tauromáquico. Com muito sacrifício, muita entrega e amor ao toureio a cavalo, materializou esse sonho no seu filho. Passados trinta anos, Alfredo não só teve esse momento de comemorar essa efeméride do seu filho, como viu este ano também o seu neto tomar a alternativa. A vida por vezes oferece-nos estes momentos pelos quais merece a pena lutar e viver.
Sempre estive por perto desta realidade da família Rouxinol. Pela proximidade, porque o Luís nasceu no Montijo, pela amizade com o sempre lembrado Mário Freire, pelo José Carlos, enfim por um número de circunstâncias que não vale a pena enumerar.
Acompanhei a carreira do Luís Rouxinol. Desde amador, praticante e estive presente na sua alternativa. Estive ao seu lado no hospital quando foi operado ao ouvido. 
Pouco ou nada tinha falado até há pouco tempo, com o seu filho Luís Rouxinol Jr, e isso aconteceu este ano, sentados lado a lado na praça de touros de Arronches em que lhe contei parte desta estória.
Perdi o conto a quantas vezes e em quantas estações de rádio por onde passei, entrevistei o Luís Rouxinol. O tempo passa mas as memórias, essas ficam. Recordo que o seu cunhado Orlando Mota, quando entre amigos se referia a ele dizia “mais um triunfo do passarinho”.
Recordo que um dia numa crónica escrevi, já não sei se num jornal ou na revista Novo Burladero, que o difícil para Luís Rouxinol era não descender de uma família com tradições na tauromaquia e ter nome de pássaro. O Mário Freire não gostou e, com aquela diplomacia que o caracterizava, mostrou-me o seu desagrado. A final não é necessário ser descendente de uma família com tradições tauromáquicas, bastou-lhe ser filho do Alfredo Rouxinol e o cantar do “passarinho” ser hoje um cantar de figura do toureio a cavalo nacional.

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