Quando chega o Carnaval, todos ou quase todos os aficionados portugueses se recordam de um nome inesquecível do toureio em Portugal, falo de José Mestre Batista.
Hoje, em plena terça-feira de Carnaval, quero recordar um de uma série de episódios que tive o privilégio de viver com José Mestre Batista.
Nos anos sessenta aglomerávamo-nos nos cafés para ver as corridas que a RTP transmitia do Campo Pequeno, em que Batista e Veiga eram os ídolos dos jovens aficionados como eu.
Mais tarde, nos anos setenta, tive o privilégio de o conhecer pessoalmente e daí foi-se cimentando uma amizade.
Todos sabemos da sua irreverência, desde o cabelo, ao encurtar a casaca e ao cumprimentar Mestre João Núncio, como senhor Núncio e não como mestre, como todos o faziam. Isto porque ele dizia que mestre era ele de nome.
Numa altura depois do 25 de Abril, fazia eu parte da direcção da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, telefonei ao Tita, como os amigos o tratavam, para participar num colóquio sobre o actual panorama da festa por aquelas alturas. À sua maneira disse-me logo que sim, só quis saber o dia e a hora. Este foi o erro, dele e meu como adiante veremos.
Na noite do colóquio vejo-o subir a escada da Tertúlia, entrar no salão, olhar e prepara-se para sair de novo.
Perguntei-lhe: - Onde vais, isto já está atrasado.
Disse-me – Vou só ali abaixo beber um café.
O café era o Café da Joana, tia do Paulo Futre (o dos chineses), que ficava na Praça da República.
Esperámos e de Batista nada. Fui ao café e não estava lá. Perguntei se o tinham visto e disseram-me que bebera um café e se tinha metido no carro, o seu famoso Citroen Diana.
Não estávamos na época dos telemóveis e fiquei sem poder fazer nada naquele momento. Fui para a Tertúlia e pedi desculpa aos aficionados, dizendo que tinha surgido um imprevisto e o José Mestre Batista tinha regressado a Vila Franca e que íamos começar com o colóquio.
Deixei correr o tempo, que fosse o suficiente para ele chegar a Vila Franca e telefonei-lhe. Naquele seu tom de quando as coisas não lhe agradavam, quase não me deixou falar.Só disse:
- Amanhã vou ter contigo ao Montijo, onde é que queres que nos encontremos. Perguntou.
Disse-lhe:
– Pode ser no “Meu Café” – que era um café junto ao hospital do Montijo e que fechava sempre tarde.
– Pode ser no “Meu Café” – que era um café junto ao hospital do Montijo e que fechava sempre tarde.
No outro dia, conforme o combinado, lá chegou o Tita no seu Citroen ao café. A primeira coisa que me disse foi:
– Olha lá, quando falaste comigo não me disseste que estava aquele tipo! Perguntei-lhe – Qual tipo? Olhou para mim por debaixo daquela cabeleira e disse:
– Qual tipo. O Teixeira!
O Teixeira era o ganadeiro coruchense António José Teixeira, com quem por questões de politica, andava de candeias às avessas. Era assim esta figura inesquecível de personalidade bem forte, dentro e fora das arenas.
A saudade continua...
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