Um grande par de Procuna em Sevilha |
O título assim mesmo em espanhol, até porque a estória tem um pouco desse perfume de Sevilha.
Sempre gostei de animais, para além do touro bravo, outro dos meus eleitos são os cães. Toda a vida os tive, desde que pude fazer prevalecer a minha vontade. Este, desta estória que vos vou contar, marcou-me a mim e à minha mulher de forma indelével.
Quero contudo situar esta estória e da forma que ela me surgiu na cabeça.
Ia de Arronches para a Moita, passar o Natal com a minha filha que ali vive, quando em plena viagem tocou o telefone. Estas modernices que até dizem o nome de quem nos está a telefonar dizia-me com uma fala meio asiática (o telemóvel é Nokia): “Almando Soales”, ou seja Armando Soares em português.
Atendi e lá estava o Armando Soares a dizer-me: “Fernandinho (sempre me tratou assim desde que eu muito jovem acompanhava os treinos dele, do Mário Freire, Diamantino Viseu e muitos mais que iam treinar para o ginásio da CP no Barreiro) estou a ligar para te desejar um Bom Natal. Então a Isaurinda está boa? Olha lá, tu já não tens aquele cão muito aficionado que até teve lugar na Calle Íris de Sevilha. Esse sim que era um cão aficionado ao toureio a pé. Se calhar agora tens outros que só gostam da tourada à portuguesa!”. Isto é típico do Armando Soares que, depois, nem nos deixa falar.
Lá lhe expliquei que o Yuki -assim se chamava o nosso cão – já tinha morrido.
Terminada a conversa que ainda durou mais algum tempo, pensei: bom isto está aqui matéria para escrever esta estória no blogue.
E foi assim. O Luis Vital “Procuna”, novilheiro sem cavalos e aluno da Escola de Toureio da Moita, apresentava-se em Sevilha, para debutar com cavalos, numa das novilhadas de promoção na Real Maestranza naquelas tardes/noite que fazem as delícias de muitos aficionados, que assim, descobrem aos poucos, as futuras figuras do toureio.
Yuki o cão aficionado |
O Armando com o toureiro, moço de espadas e o bandarilheiro Júlio André, foram de véspera para Sevilha para o Hotel Colón. Eu como profissionalmente não podia, fui no próprio dia da novilhada. Fui pela Moita e levei comigo conforme o combinado, a Professora Isabel que fazia parte da Sociedade Moitense de Tauromaquia e a Dr.ª Ana Lila, mulher do Dr. Ismael, aficionado e amigo do Armando e do José Lino. Depois passei por Setúbal para ir buscar a minha mulher e lá fomos os quatro mais o cão, que até a dona entrar na carrinha (Nissan Serena) ninguém deu por ele.
Já em Sevilha, o bom do Yuki que já conhecia bem aquelas paragens e sabia que tinha que ficar dentro da carrinha, portou-se como um herói, mas, não fosse o diabo tece-las, dei uns trocos ao arrumador, que até era português, para dar um olho de vez em quando pela carrinha.
Chegada a hora da novilhada, o Amando Soares teve a (in)feliz ideia de me pedir como a carrinha era de sete lugares, levar o toureio e a quadrilha para a praça. Estava tudo preparado dizia-me ele. Já tens um lugar marcado na Calle Íris, onde ficam os coches cuadrilla. Até aqui, tudo bem. Fui buscar a carrinha e estacionei à porta do Hotel Colón. Entrou o Procuna para o meu lado, no banco do meio o Júlio André e iam entrar o moço de espadas e os picadores, só que o bom do Yuki começou a ladrar de tal forma que os do castoreño recuaram e recusaram-se a entrar na carrinha. Tive que lhes dizer: “señores, el perro es muy aficionado y le gusta el coche cuadrilla, ustedes entrán o entonces ay que coger un táxi por favor”. Lá se decidiram porque o Júlio André foi com o cão ao colo e os picadores entraram na carrinha, tendo como companhia o cão aficionado à corrida integral que não deixou de lhes rosnar todo o caminho.
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