Na minha já algo longa vida de aficionado, tive o privilégio de me ter cruzado com algumas das figuras do toureio, quer de Portugal como de Espanha.
Como simples aficionado isso naturalmente não teria sido possível, não fosse a actividade desenvolvida ao longo dos anos em vários meios de comunicação social da especialidade por onde passei. Mas foi sobretudo a rádio que me proporcionou momentos que guardo com um sabor muito especial nas minhas memórias.
Agora que é tempo de defeso e neste Alentejo frio, é uma forma de aquecer a alma com estas recordações que, com a idade, se tornam cada vez mais vivas, sempre que vou mexer nas muitas e muitas fotos do meu arquivo.
Hoje trago-vos aqui uma das minhas vivências com os Manzanares, pai e filho.
Quando a Moita do Ribatejo com aquela afición desmedida do meu saudoso amigo José Lino, primava por trazer ao ruedo da Daniel do Nascimento as principais figuras do toureio, era eu o responsável pelo programa de tauromaquia do Rádio Clube da Moita – uma rádio escola – de onde saiu por exemplo a Vanda Miranda, desde há muitos anos na Rádio Comercial.
O José Lino num desses anos, trouxe à Moita o José Mari Manzanares (pai) que fez o favor de me apresentar. Tive então a possibilidade de lhe fazer uma entrevista para a qual se disponibilizou com grande simpatia. Depois da entrevista propriamente dita, falámos de coisas ligadas ao touro e ao toureio, inclusive comentámos aquele incidente protagonizado entre ele e Vicente Ruíz “El Soro” em Valência, que terminou numa troca de socos como se fossem dois pugilistas.
Passados uns anos, cruzei-me de novo com Manzanares (pai) numa célebre corrida nocturna nos Açores, na Ilha Terceira, num mano-a-mano Manzanares/Ojeda, para lidarem uma corrida de João Moura que saiu de forma estranha, sem se mover, o que nos levou na altura a pensar que tinha a ver com a iluminação da praça, dado que o comportamento dos touros foi todo igual. Esta corrida foi, sem dúvida, uma das mais rápidas a que assisti na minha vida de aficionado. Foi de tal forma rápida que, num abrir e fechar de olhos, estávamos todos na marisqueira junto ao cais, a comer lapas e a beber uns copos, coisa que Manzanares adorou.
Uns anos mais tarde, surge nos ruedos outro Manzanares, aquele que hoje é uma incontestada figura do toureio. Por essa altura, era então um novilheiro em início de carreira e veio a Portugal tentar à ganadaria do Paulo Caetano.
O Paulo teve a gentileza de telefonar para a redacção do Novo Burladero a convidar-nos para assistir à tenta. O João Queirós incumbiu-me de fazer essa reportagem em conjunto com o Emílio para fazer as fotos.
Na realidade foi um dia inolvidável, não só por poder desfrutar do toureio deste novo Manzanares, pela simpatia dos anfitriões mas, sobretudo, pela tertúlia em que ficámos depois do almoço com o toureiro, quadrilha e o seu apoderado, Manuel Martínez Erice (Taurodelta).
Manzanares, entre pai e filho, duas figuras do toureio com quem pude desfrutar do seu toureio e aprender um pouco mais. (Fotos-Emílio)
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