quarta-feira, 1 de junho de 2011

Manuel Vidrié - Antes e depois

A equipa do Canal + Toros com  Manolo Vidrié à direita

“Em Portugal não se lida, apenas se cravam as bandarilhas”
(Manuel Vidrié in Digital +)
Eu vi e ouvi como muitos dos leitores ao senhor Manuel Vidrié, rejoneador espanhol e comentador de Digital + (canal de televisão espanhol) proferir esta infeliz frase no prévio da transmissão da corrida de rejoneo do dia 17 de Março de 2010.
“ En Portugal no se lídia, a penas se clavan las bandarillas”. Assim mesmo o disse este senhor que foi para mim, e para muitos aficionados da minha geração, aquele que mais se aproximou do toureio a cavalo como ele deve ser. Aquele que deixou de lado o número do “caballito” para praticar o toureio frontal, o chamado de Arte de Marialva, e não o campero trazido para a praça por Cañero.
Para além de ser uma frase infeliz ela é, também, reveladora de uma falta de respeito (deste que eu considerava um cavalheiro), para com os aficionados portugueses e com os seus colegas deste país que tão bem o receberam e com ele alternaram.
É verdade que hoje por hoje, o toureio a cavalo, naquilo que se entende como toureio à portuguesa, está um pouco adulterado, mas isso tem muito mais a ver com aqueles que copiam ou sofrem, infelizmente, influências desse rejoneo que Vidrié considera mais puro (?). Toureio onde se param os toiros com dois rojões de castigo para aí sim, tratar de lidar pouco e fazer o número do caballito como muitas vezes acontece, salvo a honrosa excepção em algumas ocasiões de Pablo Hermoso que também, como o senhor Vidrié, veio beber e muito a Portugal.
É também inegável que o rejoneo, neste momento em Espanha, passa por um momento de pujança, graças ao caminho que Pablo Hermoso tem vindo a abrir e Die(o)go Ventura acompanha. Mas daí até este senhor dizer que em Portugal não se lida a cavalo, vai uma grande distância.
Naturalmente que o senhor Manuel Vidrié nunca vai ler este meu escrito, porque de português só sabe reconhecer, os bons exemplares das coudelarias portuguesas que o projectaram a ele, e continuam a projectar outros rejoneadores do país vizinho. No entanto, como aficionado, não podia ficar indiferente a esta infeliz frase e manifestar neste espaço a minha indignação que faço com mágoa pelo muito que o admirei como profissional do toureio a cavalo.
Foi por certo um momento menos bom deste senhor, enquanto comentador televisivo.

Este apontamento que publiquei em devida altura na Revista Novo Burladero, mereceu-me agora uma nova leitura e fez-me, ao mesmo tempo, reflectir sobre os elogios que escutei, como por certo muitos dos aficionados escutaram, aquando da actuação de João Moura Caetano em Madrid, em que o seu juízo era completamente diferente, quando dizia que em Portugal se aprecia o clássico, o ir de espacio y de frente.

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