David Casas apresenta actualmente o programa “Kikiriki” no
Canal Toros (Canal +) e sempre que posso não o perco. É um programa informativo
e formativo, feito por profissionais que prestam ao aficionado um grande
serviço. Fazem-no com isenção e abordando problemas por mais sensíveis que
sejam mas que, infelizmente, fazem parte do estado em que se encontra a Festa
dos Touros em todo o mundo taurino. Não vale a pena assobiar para o lado como
se nada se estivesse a passar.
No último programa David Casas e os seus convidados, entre
outros os matadores Miguel Abellán, Serafin Marín, Ivan Vicente, Fernando Cruz e o
português José Alexandre, conhecido como bandarilheiro e apoderado em Espanha
por Alejandro da Silva e, porque não dizê-lo, por ser marido da matador de
touros Cristina Sanchez, abordaram o lado escuro do percurso actual dos
toureiros.
Uma juventude inteiramente passada a viver para o touro, com
a ilusão de um dia virem a ser figuras do toureio. No entanto hoje, mais do que
nunca, é cada vez mais difícil, não só por falta de condições, menos sorte que
é essencial nesta profissão mas, sobretudo, por interesses instalados lá como
cá, na Festa dos Touros.
Toureiros a confessarem que, para comprar uma simples camisa
tinham que pedir dinheiro emprestado, porque não toureiam ou, se toureiam,
depois de pagarem hotel, quadrilha e as demais despesas, chegam a casa com mil
euros ou no máximo três mil e toureiam uma ou duas corridas. No caso de Serafín Marín, que depois de tourear
e matar dois touros em Las Ventas, chegou a casa, onde o esperavam mulher e filhas,
com três mil euros no bolso.
Este é o lado escuro dos muitos que envergam um traje de
luces. Como afirmou José Alexandre e Miguel Abellán é necessário repensar a
Festa, pois esta continua como há sessenta anos atrás. Também em entrevista à
Revista Aplausos, o matador Juan Serrano “Finito de Córdoba”, chama a atenção
para a sua classe que se move como não se apercebendo dos perigos que a
espreita, dizendo mesmo que se corre o risco do espectáculo no futuro, ser só
em meia dúzia de praças. Dá que pensar!
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