quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A parte mais escura do brilho dos trajes de luces

David Casas apresenta actualmente o programa “Kikiriki” no Canal Toros (Canal +) e sempre que posso não o perco. É um programa informativo e formativo, feito por profissionais que prestam ao aficionado um grande serviço. Fazem-no com isenção e abordando problemas por mais sensíveis que sejam mas que, infelizmente, fazem parte do estado em que se encontra a Festa dos Touros em todo o mundo taurino. Não vale a pena assobiar para o lado como se nada se estivesse a passar.
No último programa David Casas e os seus convidados, entre outros os matadores Miguel Abellán, Serafin Marín, Ivan Vicente, Fernando Cruz e o português José Alexandre, conhecido como bandarilheiro e apoderado em Espanha por Alejandro da Silva e, porque não dizê-lo, por ser marido da matador de touros Cristina Sanchez, abordaram o lado escuro do percurso actual dos toureiros.
Uma juventude inteiramente passada a viver para o touro, com a ilusão de um dia virem a ser figuras do toureio. No entanto hoje, mais do que nunca, é cada vez mais difícil, não só por falta de condições, menos sorte que é essencial nesta profissão mas, sobretudo, por interesses instalados lá como cá, na Festa dos Touros.
Toureiros a confessarem que, para comprar uma simples camisa tinham que pedir dinheiro emprestado, porque não toureiam ou, se toureiam, depois de pagarem hotel, quadrilha e as demais despesas, chegam a casa com mil euros ou no máximo três mil e toureiam uma ou duas corridas. No caso de Serafín Marín, que depois de tourear e matar dois touros em Las Ventas, chegou a casa, onde o esperavam mulher e filhas, com três mil euros no bolso.
Este é o lado escuro dos muitos que envergam um traje de luces. Como afirmou José Alexandre e Miguel Abellán é necessário repensar a Festa, pois esta continua como há sessenta anos atrás. Também em entrevista à Revista Aplausos, o matador Juan Serrano “Finito de Córdoba”, chama a atenção para a sua classe que se move como não se apercebendo dos perigos que a espreita, dizendo mesmo que se corre o risco do espectáculo no futuro, ser só em meia dúzia de praças. Dá que pensar! 

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