domingo, 26 de agosto de 2012

Pablo Hermoso figura do toureio


Na recente transmissão da corrida que a RTP fez do Coliseu Figueirense, os meus amigos António Vasco Lucas e José Cáceres fizeram referência à carreira de Pablo Hermoso de Mendoza, dos seus cavalos em início de carreira com origem em Portugal, como os casos de Cagancho (João Batista) e Gallo e Chicuelo (Herdade do Pinheiro), bem como a influência de João Moura no seu conceito de toureio que mais tarde viria a sublimar e guindá-lo a figura no mundo taurino.
A propósito de tudo isto e voltando às minhas vivências taurinas, não posso deixar de recordar o episódio de quando fui a Estella com o João Queirós e o Aurélio Grilo, fazermos uma entrevista ao Pablo Hermoso para a Novo Burladero.
Pelas funções que então tinha na revista do Queirós (marketing e publicidade), tinha uma certa proximidade com Júlio Fontecha, o então apoderado do rejoneador navarro e com o seu irmão Juan Andrés. Essa proximidade deu-me a vantagem de poder estabelecer o contacto entre o apoderado do toureiro e do então empresário da Praça de Touros do Montijo para que Pablo actuasse pela primeira vez na Praça Amadeu Augusto dos Santos. Nesta altura estava então o José Cáceres a dar os primeiros passos nestas andanças, pois era ele que assumia em conjunto com o Albino Bruno e o António Sécio a organização da entrega dos prémios da Casa do Forcado, prémio esse entregue a Pablo Hermoso logo no ano da sua actuação na praça montijense.
Com Pablo Hermoso de Mendoza na sua finca de Estella
Mas voltando à minha/nossa viagem a Estella para a tal entrevista a Pablo Hermoso, devo ser talvez o único aficionado português que teve o privilégio de viajar sozinho com Pablo Hermoso. Essa viagem foi programada de forma a irmos dormir a Zaragoza porque no outro dia de manhã, Pablo ia tourear um touro à porta fechada na praça de Zaragoza e nós íamos assistir.
Na manhã seguinte no hotel onde ficámos, Júlio Fontecha foi ao nosso encontro e disse-nos que por motivos imponderáveis Pablo já não ia lidar o touro mas estava à nossa espera na praça.
Chegados à praça e depois dos cumprimentos da praxe e havendo três carros, o Júlio Fontecha disse-me: Fernando vai tu com o Pablo para ele não ir sozinho. O Pablo nessa altura tinha um Audi e lá fomos os dois rumo a sua pequena finca de então. Começámos por falar de Zaragoza porque eu nos anos setenta tinha ido muitas vezes a esta cidade por motivos profissionais mas, depois a conversa como seria lógico, centrou-se nos touros e no toureio...
Não posso esquecer, porque este episódio da sua última actuação na Figueira da Foz me avivou a memória, do Pablo me contar que os seus princípios não foram fáceis porque dizia ele, os senhoritos não lhe permitiam entrar no seu circuito das grandes praças. Os senhoritos apurei então que eram os Domecqs e Fermins Bohórquez. Não deixou Pablo Hermoso de me dizer que muito devia aos portugueses, sobretudo a João Moura que não só o influenciou com o seu toureio como lhe abriu portas quer em Portugal como em Espanha.
Este testemunho é apenas um pequeno contributo para que se compreenda melhor a dimensão deste senhor dentro e fora da praça. Um Maestro. 

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