Ninguém nasce aficionado seja àquilo que for. Afición adquire-se com o decorrer do tempo. Por espontânea apetência por um tipo de espectáculo ou actividade, ou por influência que pode ser de ordem familiar, através de amigos etc., etc.
O António Realinho tem oito anos e mora na Urra, uma freguesia do Concelho de Portalegre. Contou-me o seu pai, um amigo aficionado destas bandas do Alentejo que o filho, logo aos cinco/seis anos, tinha um interesse despropositado por estas coisas dos touros e das touradas. De tal forma que mesmo ainda sem saber ler, “devorava” tudo o que fosse jornais, revistas ou programas de touros nas televisões (portuguesas e espanholas), para ver as imagens, claro está…
Improvisava pegas de caras e ferros ao estribo, lanceava à verónica e desenhava muletazos a touros imaginários.
Este seria mais um caso se calhar, igual a muitos outros que se possam contar mas, o mais interessante, é que este jovem aficionado beneficiou noutro aspecto por causa da sua afición precoce.
Contou-me o pai que, quando em época de touradas saia com ele a algum lado, e ele via um cartaz a anunciar uma tourada, perguntava-lhe logo quando é que era e se iam ver a dita. Certo dia iam a passar junto a um contentor do lixo - onde infelizmente muita gente cola os cartazes -, e o petiz fez-lhe a mesma pergunta. Como não lhe apetecia, ou não podia ir ver aquele espectáculo, disse-lhe que o mesmo já se tinha realizado, o que não era verdade. Então não é que o pequeno se voltou para o pai, como se apercebendo da sua “mentira” e disse-lhe: “Deixa estar que, quando eu souber ler já não me enganas…”
Talvez por esta necessidade de não ser “enganado” pelo progenitor, o António tornou-se num bom aluno e hoje não lhe escapa tudo o que diga respeito a este mundo do touro e do toureio.
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